Sem ajuda do Governo federal, o comércio de Campo Grande ameaça demitir 70 mil trabalhadores até amanhã (3). Além disso, empresários negociam a suspensão do pagamento dos salários por até dois meses para mais 50 mil comerciários. O setor enfrenta a maior crise da história em decorrência da pandemia do coronavírus, que vem assombrando a população mundial devido à virulência e à rápida propagação.
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Um dos principais motivos é a demora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em viabilizar a ajuda de R$ 40 bilhões em créditos prometida na semana passada. A Medida Provisória ainda não foi enviada ao Congresso Nacional.
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Em Campo Grande, as demissões começaram logo após o fechamento dos shoppings e do comércio. Âncora do Shopping Norte Sul, a Etna demitiu dois terços dos funcionários. Pelo menos 14 dos 21 trabalhadores foram demitidos pela loja de decoração.
Dos 320 mil funcionários do comércio, cerca de 20% podem ser demitidos até sexta-feira, conforme estimativa do presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Adelaido Vila. O Governo anunciou linha de financiamento para o pagamento da folha, mas os pequenos e médios empresários não conseguem o empréstimo junto ao Banco do Brasil.
O banco estatal exige que os salários sejam pagos pela instituição e faturamento mensal de R$ 300 mil. De acordo com Vila, 80% das empresas não se enquadram nas exigências.
Outros 50 mil funcionários podem ter o pagamento de salários suspensos por até dois meses. Neste período, o trabalhador vai receber um abono e será obrigado a participar de cursos online de capacitação. A ajuda de custa no período pode ficar em torno de R$ 250, valor muito baixo diante da média salarial de R$ 1,2 mil.
Caso o Governo federal viabilize a liberação do crédito prometido por Bolsonaro, Adelaido Vila estima que poderá salvar 50% dos empregos ameaçados. Neste caso, o número de demitidos cairia de 70 mil para 35 mil comerciários.
Além do crédito, o presidente da República anunciou, ontem, Medida Provisória permitidno a redução da jornada de trabalho de forma proporcional aos salários dos funcionários. Em contrapartida, o governo estuda destinar R$ 51 bilhões para complementar a renda dos trabalhadores.
Inicialmente contrário à quarentena por tratar a Covid-19 como “gripezinha”, Bolsonaro sinalizou mudança de opinião em pronunciamento na terça-feira, quando considerou a realidade muito grave.
No entanto, o Governo ainda não sabe nem como fará o pagamento da ajuda de custo de R$ 600 aos trabalhadores informais, aprovada pelo Congresso Nacional. Em Mato Grosso do Sul, a bolsa pandemia deverá beneficiar 532 mil trabalhadores autônomos – que não possuem registro em carteira.
No Brasil, o auxílio deverá beneficiar 54 milhões. De acordo com o ministro da Economia, Paulo G uedes, o custo aos cofres públicos será de R$ 98 bilhões. “De forma que eles tenham recursos nos próximos três meses para enfrentar a primeira onda de impacto, que é a onda da saúde. Há uma outra onda vindo de desarticulação econômica que nos ameaça”, previu.
Apesar do colapso na economia, as medidas adotadas estão conseguindo conter o avanço da pandemia em Mato Grosso do Sul. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou 51 casos do coronavírus e investiga outros 39. A primeira morte foi registrada na terça-feira.
No Brasil já são 6,8 mil pacientes com a doença, sendo que 240 já morreram. No mundo, são mais de 910 mil casos e 46,2 mil mortes confirmadas até ontem.