Jair Bolsonaro (sem partido) fez duras críticas ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Além de acusa-lo de não ouvi-lo, ele disse que o médico campo-grandense deveria ter mais humildade. No entanto, apesar de não aprovar a conduta do ministro sul-mato-grossense, o presidente descartou demiti-lo “no meio da guerra”, fazendo referência ao combate à pandemia do coronavírus.
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Em entrevista ao programa Pingo Nos Is, da rádio Jovem Pan, Bolsonaro manifestou a contrariedade pelo ministro da Saúde não aceitar a sua recomendação de trocar o isolamento total pelo isolamento social, liberando para o trabalho pessoas com menos de 40 anos. “O Mandetta já sabe que a gente tá se bicando há algum tempo”, disparou.
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“O Mandetta quer fazer valer a vontade dele, precisa de um pouco mais de humildade para governar o Brasil”, aconselhou. Apesar de condenar a postura do sul-mato-grossense, o presidente da República deixou claro que não pretende demiti-lo durante o combate ao coronavírus. “Eu não vou demitir no meio da guerra, mas ele sabe que em algum momento extrapolou”, avisou.
Entre as queixas, o presidente deixou claro que não concorda com o prolongamento da quarentena, que conta com respaldo de prefeitos, governadores e autoridades de saúde como a melhor medida para evitar explosão de casos da Covid-19 no Brasil.
Em seguida, Bolsonaro destacou que deseja sucesso ao ministro da Saúde, que faça um bom combate e o melhor para o Brasil. No entanto, ele deixou claro que decidirá sobre a permanência do sul-mato-grossense no cargo após o fim da pandemia. “Boa sorte ao Mandetta”, desejou.
A entrevista de Bolsonaro repercutiu imediatamente em todos os jornais, emissoras de televisão e sites do Brasil. O presidente defende o isolamento vertical, em que o confinamento fica restrito a idosos e integrantes do grupo de risco. Ele voltou a avisar que baixará decreto autorizando a abertura do comércio na próxima semana caso a medida não seja adotada pelos governadores e prefeitos.
Para o presidente, a histeria pregada pelos meios de comunicação, ao propagar as mortes na Itália, onde, no seu entendimento, houve muitas mortes devido a idade avançada dos italianos, contagiou a equipe de Mandetta. “Aquela histeria que eu critico contagiou alguns lá”, ressaltou.
Ao jornal Folha de São Paulo, Mandetta evitou comentar a crítica de Bolsonaro. “Quem tem mandato fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, afirmou o ministro. “Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não se comenta o que o presidente da República fala”, pontuou.
Em seguida, ele completou: “Eu acho que estamos frente a uma doença nova, e está todo mundo aprendendo com essa doença. Vamos saber o que ela vai fazer com nosso sistema de saúde. Rezo a Deus que nada disso aconteça aqui, que eu esteja absolutamente errado, que toda a ciência esteja absolutamente errada”.
As ações do ministro contam com respaldo da opinião pública. De acordo com o Datafolha, 55% aprovam as medidas de Mandetta, enquanto somente 35% aprovam as ações de Bolsonaro diante da pandemia.
Além disso, ele teria o respaldo de outros ministros importantes no Governo, como Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Paulo Guedes (Economia).