A morte da merendeira aposentada Eleuzi Silva Nascimento, 64 anos, em decorrência da Covid-19, expõe as falhas do combate à pandemia do coronavírus em Mato Grosso do Sul. Ela só fez o teste após ter alta e passar mal. Dois profissionais de saúde contraíram a doença ao atende-la no hospital de Nova Andradina.
[adrotate group=”3″]
Este é o primeiro óbito causado pelo coronavírus no Estado. A morada de Batayporã estava internada no Hospital da Cassems em Dourados, a 223 quilômetros da Capital. Seis pessoas continuam internadas em decorrência do novo vírus em Campo Grande.
Veja mais:
STF suspende pagamento da dívida e MS pode ter R$ 300 milhões para combater pandemia do coronavírus
SUS está preparado para a pandemia, mas pode não suportar demanda, avalia infectologista da UFRJ
Com sete internados e 20 curados em MS, Marquinhos anuncia reabertura dos bancos nesta terça
Boletim da Secretaria Estadual de Saúde confirmou quatro novos casos. Desde o início da pandemia, MS tem 48 casos confirmados da doença, sendo que 23 não apresentam mais sintomas nem cumprem as regras do isolamento social. Os demais suspeitos estão em isolamento domiciliar.
Eleuzi era fumante e se tratava há quatro anos de enfisema pulmonar. A secretaria suspeita que ela contraiu a doença das irmãs, que retornaram de viagem à Bélgica. No entanto, as mulheres não apresentaram os sintomas e apenas uma teve o resultado do exame positivo para coronavírus.
A aposentada passou mal no dia 16 deste mês, quando foi encaminhada para o hospital de Nova Andradina, onde foi tratada como problema respiratório normal e chegou a ter alta no dia 23. Em entrevista ao jornal Correio do Estado, a cunhada, Leonilda do Amaral Silva, 65, contou que Eleuzi passou mal logo após receber alta.
“Quando levaram ela para Dourados, a irmã, que tinha voltado da Bélgica, fez o exame e deu positivo para o coronavírus. Só depois de tudo isso. Ela está bem, em casa e não teve sintomas”, contou Leonilda. Ela explicou que a merendeira só apresentou os sintomas após retornar bem gripada no dia 7 de uma viagem a Cuiabá (MT). As autoridades não informaram sobre os procedimentos adotados com as pessoas que ela teve contato entre a capital do Mato Grosso e Batayporã.
Somente então, após ser entubada e encaminhada em estado grave para o Hospital da Cassems, os médicos decidiram fazer o teste para o coronavírus. No dia seguinte, com o resultado, a merendeira aposentada passou a constar como positivo no boletim da Secretaria Estadual de Saúde.
Nesta terça-feira, o Governo informou que dois enfermeiros de Nova Andradina, um homem de 35 anos e uma mulher de 22, testaram positivo para o coronavírus. Eles teriam contraído a doença ao prestar atendimento hospitalar a Eleuzi. (veja no Midiamax)
Profissionais de saúde estão denunciando a falta de equipamentos de proteção individual, máscaras e aventais, na maior parte dos hospitais públicos e privados do Estado.
O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, não viu o mesmo problema. “Depois de três meses de combate rigoroso com as secretarias municipais e com as outras secretarias, esse é o primeiro caso isso mostra que, apesar disso, as medidas estão dando certo”, destacou.
Durante entrevista coletiva presencial na Governadoria, onde jornalistas e fotógrafos não cumpriram a orientação da OMS de ficar 1,5 metro um do outro, o secretário garantiu que “não há transmissão comunitária” em Mato Grosso do Sul. Dos 44 casos confirmados, 30 pacientes contraíram a doença ao ter contato com outra pessoa contaminada.
“Fiquem casa. Este é o melhor caminho”, aconselho Resende, que também é médico. O alerta deve ser levado a sério pela população. O Ministério da Saúde confirmou 201 mortes no País, com recorde 42 novos óbitos em 24 horas. Já são 5.717 casos, com 1.138 novos pacientes contabilizados.
Com 11,3 mil habitantes, Batayporã tem três casos positivos e outro três sob investigação. Desde ontem, o prefeito Jorge Takahashi (MDB) determinou a higienização das ruas e praças públicas da cidade. “Faremos de tudo, como temos demonstrado desde o início, para que a população batayporaense supere essa crise de saúde mundial da melhor maneira possível”, destacou.
Segundo a prefeitura, para a higienização das vias públicas, o município está usando água e hipoclorito de sódio, produto recomendado pela Anvisa e considerado eficaz na desinfecção.