O prefeito de Jardim, Guilherme Alves Monteiro (PSDB), decidiu aproveitar a pandemia do coronavírus e o reajuste nos salários dos servidores municipais para elevar o próprio salário para R$ 26.595,86. Um detalhe curioso na proposta, os funcionários terão correção de 5%, enquanto o tucano e o vice-prefeito terão aumento de 13,02%.
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O polêmico projeto de lei foi protocolado na Câmara Municipal de Jardim no dia 16 deste mês para ser votado em regime de urgência na última terça-feira (23). Com o legislativo dividido, com seis vereadores governistas e cinco oposicionistas, a manobra falhou e o projeto ganhou a boca do povo na cidade.
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De acordo com o projeto de lei, o funcionalismo público municipal terá aumento de 5% neste ano. Só que Monteiro aproveitou a chance e informou que o mesmo índice seria aplicado ao salário do prefeito, do vice-prefeito Geraldo Alencar Gonçalves, e aos secretários municipais de Jardim.
No final do texto, a tabela reveladora para enganar os desatentos e péssimos em matemática. Guilherme Monteiro propõe elevar o seu salário para R$ 26.595,86. Só que este valor representa aumento de 13,02% sobre o atual valor, de R$ 23.531,58, de acordo com o Portal da Transparência do Município.
Com o aumento de quase quatro vezes acima da inflação, o salário do prefeito de Jardim, cidade com 26 mil habitantes, passa de 9º para 5º maior do Estado, só atrás dos prefeitos de Rio Brilhante (R$ 32.564,04), Chapadão do Sul (R$ 32.394), Caracol (R$ 27.530) e Aparecida do Taboado (R$ 27.053,79).
Como em município rico, apesar de não ter nenhum leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para socorrer morador que venha a contrair a temível Covid-19, Monteiro já ganha mais que o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (R$ 20,4 mil) e o dobro da prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB), que recebe R$ 13,8 mil, apesar de comandar a segunda maior cidade do Estado.
O vereador Renato Miranda (PDT) criticou a proposta de Guilherme Monteiro de elevar os salários do primeiro escalão em 13%. “O momento é inoportuno”, ressaltou. Além da crise econômica gravíssima à vista no País, o parlamentar apontou a falta de estrutura de Jardim para enfrentar a pandemia do século.
O prefeito não é o único a ser beneficiado. O subsídio do vice-prefeito pode passar dos atuais R$ 16.044,26 para R$ 18.133,04, enquanto o dos secretários, de R$ 8.333,60 para R$ 8.934,84.
Outra curiosidade da administração do prefeito de Jardim, filho do ex-secretário estadual de Fazenda e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Monteiro. Pela lei aprovada no final de 2016, o salário do prefeito deveria ser de R$ 22 mil. No entanto, o Portal da Transparência informa que o valor pago é 6,9% maior, de R$ 23.531,58.
O Jacaré apurou que o aumento ocorreu no ano passado, junto com os salários dos servidores. O detalhe levou um integrante do legislativo a admitir que a oposição anda “comendo muita barriga”.
Os políticos de Jardim não são os únicos a aproveitar o “momento de pânico” para elevar os salários. Os vereadores de Amambai aprovaram o reajuste nos próprios salários, do prefeito, vice-prefeito e secretários municipais.
O subsídio do prefeito Ednaldo Luiz Bandeira, o Dr. Bandeira (PSDB), terá aumento de 45%, de R$ 17.143,92 para R$ 24.880, enquanto o do vice, Valter Brito, subirá 15,49%, de R$ 8.571,96 para R$ 9,9 mil, e dos secretários municipais, 32%, de R$ 7,5 mil para R$ 9,9 mil.
Os políticos sul-mato-grossenses estão apelando para a falta de “sensibilidade” do eleitor.