Com a população assustada e se preparando para enfrentar a maior pandemia do século, os vereadores de Amambai, a 343 quilômetros da Capital, aprovaram reajuste de até 45% nos próprios salários e nos subsídios de secretários municipais, do vice-prefeito e do prefeito. O mais grave, devido ao coronavírus, o município cogitou suspender o pagamento dos salários dos professores temporários durante o período de emergência.
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De acordo com o projeto aprovado por 10 a 4, o subsídio do prefeito Ednaldo Luiz Bandeira, o Dr. Bandeira (PSDB), terá aumento de 45%, saltando dos atuais R$ 17.143,92 para R$ 24.880. O vencimento passa de 29º para 11º maior do Estado, superando, inclusive o valor pago ao prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), que recebe R$ 20,4 mil, e da prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB), R$ 13,8 mil.
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Na última segunda-feira, enquanto o mundo debatia ações para conter a pandemia da Covid-19, que matou 9,8 mil pessoas e infectou mais de 242 mil em mais de 100 países, os 14 vereadores de Amambai debatiam reajuste nos próprios salários. Eles terão reajuste de 27,24%, de R$ 6.012 para R$ 7.650.
A farra será completa, porque o vice-prefeito Valter Brito terá reajuste de 15,49%, de R$ 8.571,96 para R$ 9,9mil, e os secretários municipais foram brindados com correção de 32%, de R$ 7,5 mil para R$ 9,9 mil.
Veja a notícia no site da Câmara dos Vereadores de Amambai
A justificativa para a farra com o dinheiro público em meio a um dos maiores dramas da humanidade é de que o município possui receita suficiente para o vereador receba 30% do salário do deputado estadual. Oficialmente, o subsídio está defasado desde 2012. O problema é que eles tiveram oito anos para discutir o assunto, mas só decidiram elevar os próprios vencimentos quando a população se encontra em pânico com uma tragédia anunciada.
De acordo com o site A Gazeta News, a proposta só teve voto contra de quatro vereadores: Janete Córdoba (PSDB), Maikell Ruiz (PP), Ilzo Victor (SD) e Luciano Maurício Tiane (PEN).
Os outros dez parlamentares votaram a favor ou não se manifestaram: Carlinhos (PPS), Claro Ratier (PEN), Darci (PTB), Dimar Bevian (DEM), Fischer (PTdoB), Geverson Vicentin (PDT), Humberto Hasegawa (PSC), Roberto Dias (PSDB), Roberto Sangue Bom e Ismael Morel, ambos sem partido.
A falta de oportunismo da discussão, que mostra a falta de sensibilidade do político brasileiro com a população, constrangeu o prefeito da cidade. Ao ser questionado se situação atual permite um reajuste tão expressivo, Dr. Bandeira foi categórico: “evidentemente que não!”.
Como tem 15 dias para analisar o projeto, ele se mostrou disposto a vetar o aumento nos salários. “A princípio, devo vetar, mas não defini ainda”, pontuou. “Vou dar um tempo para analisar”, afirmou o tucano.
Devido a pandemia, o diagnóstico é que praticamente todas as prefeituras deverão passar por sufoco terrível nas finanças. O mesmo cenário deverá se repetir em Amambai. A prefeitura cogitou suspender os salários dos professores, assistentes e estagiários, todos temporários, durante o período de suspensão das aulas por causa do coronavírus.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Humberto Vilhalva, a medida poderia deixar sem salário 70 dos 500 professores da rede municipal. Felizmente, o prefeito recuou e não impôs a maldade. Imagine o desespero dos educadores. Além de adotarem medidas para proteger família da pandemia, seriam obrigados a procurar meios de manter o seu sustento.
O Jacaré vai continuar acompanhando a situação, já que o prefeito prometeu informar se vetará ou sancionará o reajuste, que só entra em vigor em 2021, mas acabou sendo discutido no pior momento possível.
E as medidas para conter o coroanvírus, quem vai discutir na cidade?