Sem ajuda do Governo estadual, que ainda não suspendeu nem parcelou o pagamento dos impostos, o comércio de Campo Grande fecha as portas a partir deste sábado (21) em Campo Grande. A medida de emergência, adotada como parte das medidas para conter o avanço da pandemia do coronavírus, poderá causar a demissão de 75 mil trabalhadores, segundo a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas).
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Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio, feito em parceria com a CDL e Sindivarejo, estima perda de R$ 90 milhões com a redução no movimento somente no período de 2 a 19 deste mês. Houve queda de 6% nas vendas na semana passada e de 60% nesta semana.
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O desemprego e a queda no faturamento é decorrente da maior ofensiva da história de Campo Grande para conter o avanço da doença. O prefeito Marquinhos Trad (PSD) recomendou o fechamento de shoppings, centros comerciais e academias na quinta-feira (21). Novo decreto publicado ontem determinou o fechamento do comércio a partir de amanhã (21).
O prefeito ainda determinou o fechamento dos parques, centros dos idosos e escolas. Também estão suspensos todas os eventos com a participação de mais de 20 pessoas em Campo Grande.
A Arquidiocese de Campo Grande determinou a suspensão de todas as missas, grupos de oração e qualquer tipo de celebração em todas as igrejas da Capital. Pela primeira vez em 71 anos, a tradicional festa de São José foi restrita a uma missa feita as portas fechadas, sem fogos de artifício, bolo e quermesse.
O reflexo no comercio será gravíssimo. De acordo com Adelaido Vila, presidente da CDL, as lojas vão fechar e podem ficar sem recursos para pagar a folha dos 350 mil empregados no varejo. Inicialmente, os empresários podem dispensar de 20% a 25% dos trabalhadores.
No entanto, a continuidade do estado de emergência poderá levar a demissão de 70% dos trabalhadores na Capital, o que significa 260 mil desempregados só no varejo. Até estabelecimentos, como restaurantes e lanchonetes, que vão permanecer abertos, devem demitir. Um estabelecimento com oito funcionários, seis vão ser dispensados devido a pandemia.
Os comerciantes pedem socorro e esperam ajuda, principalmente, do governado Reinaldo Azambuja (PSDB), o que vem se mostrando mais reticente em adotar as medidas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), já determinou até o fechamento do comércio. O tucano só vai suspender as aulas a partir de segunda-feira (23).
Reinaldo decretou estado de emergência e conseguiu aprovar estado de calamidade nesta sexta-feira (20). Os deputados estaduais fizeram sessão extraordinária para aprovar a medida.
“O nosso maior sócio é o Estado e precisa afrouxar a cobrança de impostos”, pediu Vila. Outro problema é a conta de luz, que já teve sinalização da Energisa em parcelar o débito em seis vezes. No entanto, o comércio espera a mesma medida adotada por Marquinhos, que suspendeu o corte de água por 60 dias e determinou o parcelamento do débito em 36 meses.
Outro problema é a falta de segurança no Centro, onde 4,8 mil das 5 mil empresas devem fechar as portas. A região passou a ser alvo de uma onda de arrombamentos e furtos nos últimos meses. O temor é de que os bandidos aproveitem o esvaziamento do centro para fazer a festa.
O temor do agravamento do caso levou algumas instituições a suspender 100% das atividades. Este foi o caso da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que dispensou todos os funcionários e implantou o sistema de teletrabalho.
No decreto publicado hoje, o governador definiu dois turnos de trabalho no Estado, com 50% dos funcionários trabalhando de manhã e outra parte à tarde.
Marquinhos ainda suspendeu o passe gratuito de 80 mil estudantes, idosos, portadores de deficiência na Capital. Estudantes da rede estadual serão os últimos a ter aulas suspensas. Caso a medida não tenha resultado, o prefeito poderá suspender o transporte coletivo.