O suposto plano com a ordem para matar autoridades de Mato Grosso do Sul estava desenhado no papel higiênico apreendido dentro da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). O banheiro fica entre as celas dos empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42, que estão presos, em regime disciplinar diferenciado. Isso levou a deflagração da Operação Omertà II, que cumpriu 18 mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (17). (confira a nota do MPE)
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De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), a ordem seria repassada dois advogados, um de Mato Grosso do Sul e outro de João Pessoa (PB). Eles seriam incumbidos, conforme o Ministério Público Estadual, de entregar o recado a dois personagens, identificados como “Jerson” e “Cintia”.
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“No qual continham várias anotações feitas por um interno a respeito da operação Omertá I, dentre elas a descrição de plano de atentado contra autoridades de Mato Grosso do Sul, sendo um Promotor de Justiça do GAECO e um Delegado de Polícia Civil do Garras”, informou o MPE, sem revelar os nomes dos alvos.
Com base na informação, coletada pelo serviço de inteligência do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, determinou o cumprimento dos 18 mandados de busca e apreensão.
Um dos alvos da operação foi o ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Jerson Domingos. Ele foi detido de manhã e encaminhado ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), porque os policiais encontraram arma de fogo sem registro. Domingos é cunhado de Jamil Name.
O outro alvo foi o apartamento da ex-vereadora Tereza Name, esposa de Jamil, no Centro da Capital. Ela acompanhou toda a vistoria acompanhada pelo advogado Renê Siufi.
Conforme o Gaeco, a Operação Omertà II apreendeu cinco espingardas, cinco revólveres, 160 munições de diversos calibres e uma motocicleta com sinal identificador adulterado.
O Campo Grande News apurou que os irmãos Rodrigo Betzkwski de Paula e Jorge Betzowski foram presos na Estância Panorama, na saída para Rochedo. Eles estavam com armas de fogo irregular e teriam recepcionados os integrantes da operação a tiros.
O cumprimento do mandado de busca e apreensão no apartamento de Jerson Domingos deve causar polêmica. O cumprimento foi autorizado pelo juízo de primeira instância, mas o conselheiro tem direito a foro especial no Superior Tribunal de Justiça. A assessoria jurídica do TCE estaria avaliando recorrer contra a quebra da prerrogativa.
Ao Campo Grande News, o advogado Renê Siufi informou que Jerson Domingos prestou depoimento, pagará fiança e deverá ser liberado.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde e Rio Negro, no Estado de Mato Grosso do Sul, bem como na cidade de João Pessoa, no Estado da Paraíba.
Não é a primeira vez que Jamil Name e o filho são acusados de tramar atentado contra a vida dos protagonistas da Operação Omertà. Em outubro do ano passado, a descoberta do suposto plano no Centro de Triagem Anísio Lima levou o Gaeco a pedir a transferência dos acusados de chefiar o grupo de extermínio para o presídio federal.
A gravidade da suspeita levou a Justiça a decretar o isolamento dos empresários por 360 dias. Em despachos, que negaram os pedidos da defesa em decorrência da idade avançada e doenças, o ministro Rogério Schietti da Cruz, do STJ, citou a bravata de Jamilzinho de promover a “maior matança de MS, de pizoleiro a governador”.
O advogado Renê Siufi sempre negou o plano e classificou as acusações como fantasiosas.