Mato Grosso do Sul ainda não está preparado para enfrentar a pandemia do coronavírus, que infectou 181,5 mil pessoas e matou 7.126 em mais de 100 países. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, referência para tratar a doença no Sistema Único de Saúde, está sem máscaras para atender a demanda. Nos laboratórios particulares falta reagente para a realização do exame e pacientes estão na fila de espera, que pode chegar ao final do mês de abril.
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Até ontem, em Mato Grosso do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou quatro casos e investiga mais 33, sendo 29 na Capital e outros em Corumbá, Nova Andradina e Ivinhema. Os últimos casos confirmados foram do publicitário Robson Gatti, 46 anos, assessor do prefeito Marquinhos Trad (PSD), e do cônsul da Síria, Kabril Yusseff, 66. O sírio foi transferido para o Hospital Sírio Libanês, mesmo procedimento adotado pelo empreiteiro André Luiz dos Santos, o André Patrola, 39, que também teve resultado positivo para o coronavírus.
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Nesta terça-feira (17), a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou a primeira morte por coronavírus no Brasil. Outros quatro óbitos estão sob investigação.
A pandemia chega ao Estado em meio à mais grave crise no sistema público de saúde. Sem dinheiro para comprar carne bovina e frango para reforçar a alimentação dos pacientes e funcionários, o HR de Campo Grande foi definido como referência para atender os pacientes com suspeita da Covid-19.
O hospital não dispõe de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para todos os 2,2 mil funcionários. A instituição contava com apenas 400 máscaras N-95, a azul, usada para atender doentes em estado grave. No atropelo, a direção conseguiu, mediante empréstimo e compra de urgência, mais 100 unidades nesta terça.
De acordo com o presidente do SINTSS (Sindicato dos Trabalhadores na Seguridade Social), Ricardo Bueno, sem máscaras, há risco de maior contágio de médicos e profissionais da enfermagem. No Rio de Janeiro, dois médicos estão internados com os sintomas da doença.
Contra fake news, saúde lança site
Secretaria Estadual de Saúde lançou um site para combater a propagação de mentiras pela internet e redes sociais (fake news). A população poderá acessar o para tirar as dúvida (clique aqui)
Em entrevista ao Midiamax ontem (16), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, confirmou a falta de máscaras especiais e cirúrgicas para atender os funcionários. Ele ainda reconheceu que o problema atinge outros hospitais do interior do Estado.
O que já parou por causa da pandemia
- Campo Grande proibiu qualquer tipo de evento, inclusive missas e cultos, com a participação de mais de 100 pessoas
- UCDB suspendeu aulas de 10 mil estudantes por 15 dias
- Alunos das escolas municipais da Capital vão ficar sem aulas por 20 dias a partir de amanhã
- Unigran e UFMS suspenderam as aulas presenciais, por 15 dias, a partir desta terça-feira (17)
- Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro suspendeu novenas, missas, Cerco de Jerico, entre outros, frequentados por 30 mil pessoas por semana
- Rede estadual de ensino vai suspender as aulas a partir de segunda-feira (23) até o dia 6 de abril para 250 mil estudantes
- Sindicatos e movimentos sociais suspenderam a greve geral e a manifestação para defender o Fundeb, que estava prevista para esta quarta-feira (18)
- Assembleia Legislativa suspendeu sessões e atividades por 15 dias a partir de hoje
- Shoppings vão reduzir o horário de funcionamento a partir desta quarta. Campo Grande, Bosque dos Ipês e Pátio Central vão abrir das 12h às 20h.
O Governo do Estado foi procurado na manhã de hoje sobre a falta de máscaras, mas não houve retorno. O sindicato obteve a informação que as máscaras estão em Guarulhos e devem ser encaminhadas a Mato Grosso do Sul para garantir a proteção dos funcionários.
Outro problema é a falta de material reagente para a realização dos exames. A senadora Soraya Thronicke (PSL), que teve contato com portador da doença, não conseguiu realizar o exame e está na fila. Ela explicou que, como não está no grupo de risco, por ser jovem, e nem em estado grave, pode esperar pelo exame. “Estou na fila, como qualquer cidadão normal”, contou.
“Na sexta, sábado e domingo, eu não estava legal. Desde ontem, eu estou bem, os sintomas diminuíram”, tranquilizou a senadora, que seguiu a recomendação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e está isolada socialmente.
O Campo Grande News expôs a situação da rede particular na Capital. Só quatro laboratórios fazem o exame para o coronavírus. O Multilab cobra R$ 250 e só coleta o material mediante agendamento. A vaga disponível hoje é para 20 de abril deste ano – daqui um mês e três dias.
O Labiclin conta com fila de espera de 100 pessoas. Ao Campo Grande News, Camila Muzzi, revelou que os testes foram suspensos porque faltou reagente para a realização da análise em laboratório.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, orientou que os exames só sejam feitos em pacientes internados e em estado grave. O objetivo é administrar o material disponível. A orientação vai na contramão do modelo realizado na Coréia do Sul, que conseguiu controlar a epidemia.
O governo sul coreano vem realizando 15 mil testes por dia e conseguiu obter a menor taxa de mortalidade no mundo. Apenas 75 (0,91%) dos 8.236 doentes foram a óbito naquele país. Na Itália, 2.158 (7,71%) dos 27.980 doentes morreram.
Os hospitais particulares passaram a seguir o protocolo do Ministério da Saúde, de só realizar exames em pacientes internados. A orientação é de pacientes com sintomas leves – febre, tosse e resfriado – devem ficar em casa e isolados.