Acusado de chefiar grupo de extermínio, o empresário Jamil Name, 80 anos, afirmou, em depoimento a cinco delegados, que “sustenta a cidade” de Campo Grande. Acusado de chefiar grupo de extermínio, ele também negou ter alguma doença crônica, principal argumento usado pela defesa nos habeas corpus protocolados em todas as esferas da Justiça. O octogenário ainda lamentou-se por ser o “homem mais azarado do mundo”.
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Conforme o vídeo do depoimento feito em 27 de novembro do ano passado, divulgado pelo Campo Grande News (aqui), o octogenário nega ter encomendado a morte do capitão da Polícia Militar, Paulo Roberto Teixeira Xavier. Ele classificou como “balela” o seu indiciamento como mandante da execução do universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, que teria sido assassinado por engano no lugar do pai.
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Apesar de recorrer ao direito constitucional de ficar em silêncio e só responder em juízo, cuja audiência está prevista para o início de março, o empresário acabou fazendo comentários sobre a investigação.
Ao ser comunicado formalmente do indiciamento como mandante da morte de Matheus, o chefe do jogo do bicho na Capital balança a cabeça e sorri. Após ser comunicado do direito constitucional de ficar em silêncio, ele acaba fazendo comentários de que as acusações não passam de “balelas”.
“Vou falar com o juiz, não produzir prova contra mim”, justifica-se. Em seguida, ele descreve a relação com o pai do universitário. No depoimento, Jamil Name conta que ajuda o policial há mais de uma década. “Faz dez anos que esse cara me morde, faz dez anos”, contou. Em seguida, ele destaca que se quisesse matar o capitão, teria aproveitado as inúmeras oportunidades.
“Se que quisesse, eu tive a oportunidade de ficar sozinho com ele no mato umas 200 vezes, se eu fosse fazer alguma coisa com ele, já teria feito”, garantiu. Ao expor o fato, ele quis justificar que não tinha motivos para mandar matar o capitão da PM.
O octogenário explica que a intenção dos criminosos era matar Paulo Xavier. “Porque quem matou o menino, ia matar ele, ia matar o Paulo. E não o menino, entendeu? Quem foi pra matar, foi para matar o pai dele”, relatou.
Em seguida, o empresário nega que tenha qualquer envolvimento nos outros homicídios que é investigado, como o chefe da segurança da Assembleia, o sargento da PM, Ilson Martins Figueiredo, e o ex-segurança de Jorge Rafaat, Orlando Fernandes, o Bomba. “Eu nunca quis fazer nada com ele nem com ninguém. Nada com ninguém, não é só com ele, com ninguém”, frisou.
Ao ser questionado pelo advogado Renê Siufi, se ajuda no sustento da família, Jamil recorre a fama de que ajuda muita gente em Campo Grande. “Eu sustento a cidade, R$ 50 aqui, R$ 100 ali”, afirmou, fazendo referência a fama de que ajuda muita gente. A esposa dele, a ex-vereadora Tereza Name é famosa na cidade por ajudar os mais pobres.
Em seguida, Jamil Name lamenta a própria a sorte. “Sou o homem mais azarado do mundo”, comentou. Ele foi preso na Operação Omertà no dia 27 de setembro do ano passado e foi transferido para o sistema RDD, o sistema de isolamento mais rigoroso do sistema penal brasileiro, na Penitenciária Federal de Campo Grande. Atualmente, ele está detido na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
Em seguida, ele contou que impediu a delação contra um delegado. A manobra acabou ajudando o policial a ter a promoção do interior para a Capital. Agora, conforme o depoimento, o delegado se transformou em um dos principais algozes do octogenário.
Siufi ainda faz uma última pergunta para reforçar a estratégia da defesa, de que o empresário tem quatro doenças crônicas graves e precisa de tratamento médico constante. No entanto, para surpresa do criminalista, o empresário nega ter qualquer tipo de doença crônica.
Ao negar a doença, Jamil tira da defesa o principal argumento nos pedidos de conversão da prisão preventiva em domiciliar junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.