As exportações de Mato Grosso do Sul perderam fôlego em 2019, com o menor crescimento em três anos, e sente o reflexo da política externa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de priorizar os países comandados por ideologia semelhante, de direita. A maior aumento nas vendas externas foram para Estados Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes e Egito.
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Por outro lado, houve redução expressiva na comercialização para a Argentina, Tailândia, Coréia do Sul, Países Baixos, Itália e Irã. Os produtos mais atingidos pela mudança é o sucroenergético, com a queda de 54% na venda de açúcar e etanol, de US$ 138,5 milhões em 2018 para US$ 64,2 milhões no ano passado.
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De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Econômico, as exportações sul-mato-grossenses somaram US$ 4,171 bilhões em 2019, alta de 4,64% em relação aos US$ 3,986 bilhões registrados em 2018. O crescimento é o menor desde 2016, quando houve redução de 8,9% em relação ao ano anterior.
O Radar Industrial da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) apontou aumento de 1,5% nas exportações de produtos industrializados. A venda de papel e celulose representa mais da metade do exportado pelo Estado e teve aumento de 4%, de US$ 1,955 bilhão para R$ 2,024 bilhões.
Em alta no mercado internacional, a venda de carne bovina em decorrência da crise suína na África impulsionou a venda dos frigoríficos em 17%, de US$ 863,1 milhões em 2018 para R$ US$ 1,009 bilhão no ano passado. Este crescimento agravou a falta de gado no mercado interno e causou o susto no preço da arroba do boi, que chegou a ser cotada R$ 230. O valor já recuou para R$ 194.
Exportações de MS crescem desde 2017
Ano | Valor Exportado |
2013 | US$ 3,709 bilhões |
2014 | US$ 3,803 bilhões |
2015 | US$ 3,167 bilhões |
2016 | US$ 2,883 bilhões |
2017 | US$ 3,514 bilhões |
2018 | US$ 3,986 bilhões |
2019 | US$ 4,171 bilhões |
Fonte: MDIC |
O maior aumento, de 88%, ocorreu na venda de siderurgia e metalurgia, de US$ 19,4 milhões para US$ 36,5 milhões. Além do açúcar e etanol, MS teve queda de 28% na venda de minerais (de US$ 236,5 milhões para US$ 170,2 milhões) e de 22% de couros e peles (US$ 84,1 milhões para US$ 65,3 milhões).
Os números de 2019 mostram que as vendas externas já sofrem influência da política de Bolsonaro. A principal mudança está na venda para os EUA, que teve aumento de 64%, de US$ 136,2 milhões para US$ 223,7 milhões. O país de Donal Trump, do Partido Republicano, saltou de 6º para 2º maior comprador de produtos made in MS.
O principal cliente do Estado continua sendo a China, que elevou as compras sul-mato-grossense em 13%, de US$ 1,154 bilhão para US$ 1,303 bilhão. Apesar de ser comunista, o gigante asiático foi tirado da lista de indesejados por Bolsonaro.
Também houve aumento de 99% nas exportações para o Reino Unido, que saltou da 18ª para 11ª colocação no ranking dos maiores compradores de produtos industrializados do Estado, de US$ 41,2 milhões para US$ 82,07 milhões. As vendas para os Emirados Árabes cresceram 63%, passando de US$ 63,5 milhões para US$ 35,7 milhões.
Por outro lado, houve redução de 41% nas exportações para a Argentina, de US$ 171,4 milhões para US$ 101 milhões. O país portenho reduziu as compras em decorrência da grave crise econômica, mas a situação pode piorar após a posse de Alberto Fernández, de esquerda, que vem sendo hostilizado pelo presidente brasileiro. No ranking, as compras argentinas caíram de 5º para 9º lugar.
Também redução de 40% nas venda para a Tailândia (de US$ 63,5 milhões para US$ 35,7 milhões), de 20% para a Itália (de US$ 260,8 milhões para US$ 207,5 milhões) e de 5% para o Irã (de US$ 48,6 milhões para R$ 46,4 milhões).
Os países islâmicos ameaçam boicotar o Brasil por causa do apoio de Bolsonaro aos Estados Unidos no conflito com o Irã e da proposta de levar a embaixada brasileira para Jerusalém. No entanto, os números mostram que o boicote ainda teve pouco impacto nas vendas de MS para esses países.
Uma das causas pode ser o esforço da ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, em minimizar o impacto das decisões de Bolsonaro.