Preso no Rio de Janeiro, Elton Leonel Rumich da Silva, conhecido como Galã e uma das lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), vai ser interrogado em 20 de março no processo que responde na Justiça Federal de Campo Grande por lavagem de dinheiro.
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Ao marcar o interrogatório por videoconferência, o juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Bruno Cezar da Cunha Teixeira, também negou o pedido da defesa, que pretendia que o Poder Judiciário identificasse todas as pessoas que teriam recebido depósitos objeto da denúncia e, depois, intimasse os titulares das contas correntes supostamente beneficiadas.
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“É certo que, em homenagem ao princípio da ampla defesa, cabe ao Estado-juiz viabilizar a realização de diligências não acessíveis à parte, como, por exemplo a expedição de ofícios/requisição de informações, evitando-se a chamada prova diabólica; porém, não é esse o caso dos autos, porquanto seria perfeitamente possível à defesa, a partir dos elementos contidos no processo, a identificação de pessoas supostamente envolvidas nas movimentações bancárias de que se trata”, afirma o magistrado.
Em tempo, prova diabólica é correlato para uma prova impossível ou muito difícil de ser produzida.
Laranjas – Com vasta ficha de crimes, Elton Leonel foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por lavagem de dinheiro. Em janeiro de 2018, o acusado teria usado contas correntes no Paraná e Mato Grosso do Sul para ocultar valores obtidos com tráfico internacional de drogas e armas. Os depósitos, com total de R$ 197 mil, eram pulverizados e muitas vezes abaixo de R$ 10 mil, para não despertar a atenção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
A informação sobre branqueamento de capital foi resultante da apreensão do aparelho celular de Galã, preso em 27 de fevereiro de 2018 no Rio de Janeiro, usando documento falso. Numa prática que já virou rotina, principalmente nos processos da operação Lama Asfáltica, a defesa alegou que o processo não deveria tramitar na 3ª Vara de Campo Grande.
Neste caso, o defensor alegou que a ação seria responsabilidade da 40ª Criminal do Rio de Janeiro, onde teria se dado a apreensão dos aparelhos celulares. No entanto, a Justiça Federal de Campo Grande pontuou que as movimentações financeiras beneficiavam a organização criminosa armada e transnacional integrada pelo acusado, a qual era sediada em Ponta Porã. Como a 2ª Vara Federal de Ponta Porã não julga delitos de lavagem de dinheiro, o processo corre em Campo Grande, onde as 3ª e 5ª Vara Federal têm jurisdição para jugar todos os casos ocorridos em Mato Grosso do Sul.
Galã – Elton Leonel foi preso pela primeira vez no ano de 2005 pelos crimes de tráfico de drogas, posse de arma e receptação. Em 2007, quando já cumpria pena em São Paulo no regime aberto foi beneficiado com saída temporária, mas não voltou.
No ano de 2011, ele ressurgiu em Pedro Juan Caballero, fronteira do Paraguai com Ponta Porã. Com drogas, pistolas e um fuzil AR15, foi liberado com pagamento de fiança, conforme relatou à Polícia Civil de São Paulo. Em 2012, a prisão foi em São José dos Campos (SP) por uso de documento falso e, mais uma vez, não voltou de uma saída temporária.
Em 2014, Galã voltou a ser preso em Pedro Juan. No ano de 2017, a Justiça Federal autorizou buscas em imóvel de Ponta Porã, onde foram apreendidos arsenal e documentos relacionados a documento falso usado por Elton Leonel. Apontado como mandante da execução de narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, ele foi inocentado, por falta de provas, da denúncia de mandar violar o túmulo. No entanto, foi condenado pela Justiça Federal de Ponta Porã a 19 anos de prisão por organização criminosa.