Eleitos com o discurso de construir uma nova política e mesmo diante de uma das maiores crises financeiras da história brasileira, os gastos com os parlamentares não queda no ano passado. A Câmara gastou R$ 14,198 milhões com os oito deputados federais de Mato Grosso do Sul, somando-se os gastos com salários, verba para pagar funcionários, cota parlamentar, auxílio moradia e diárias em viagens.
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Cada deputado federal tem direito a salário de R$ 33.763 por mês. Só em salários, a bancada federal custou R$ 2,7 milhões aos cofres públicos, considerando-se apenas a atual legislatura, que teve início em fevereiro de 2019.
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Os gastos astronômicos do legislativo viram um escândalo no início do ano passado, quando deputados com mandato tampão com menos de 30 dias teriam direito a toda sorte de benesse bancada pelo contribuinte, desde auxílio moradia no valor do salário até contratar uma equipe de assessores para trabalhar menos de um mês em Brasília (DF).
O atual subsecretário municipal de Direitos Humanos, Coringa (PSD), até virou piada ao assegurar que faria o dinheiro público valer apena ao trabalhar quatro anos em 30 dias. Ele aproveitou o mandato tampão para agir como deputado, dando entrevistas a emissoras de rádio, jornais e sites.
Quanto cada deputado custou em 2019
Deputado | 2019 |
Vander Loubet (PT) | 1.996.240,88 |
Beto Pereira (PSDB) | 1.961.065,74 |
Dagoberto (PDT) | 1.944.545,37 |
Fábio Trad (PSD) | 1.889.357,07 |
Loester Trutis (PSL) | 1.780.673,68 |
Bia Cavassa (PSDB) | 1.636.523,91 |
Rose Modesto (PSDB) | 1.527.662,91 |
Dr. Luiz Ovando (PSL) | 1.462.200,65 |
Total | 14.198.270,21 |
O campeão em gastos foi Vander Loubet (PT), com R$ 1,996 milhão no ano passado. Réu na Operação Lava Jato, por suposto pagamento de propina de R$ 1,028 milhão, o petista foi líder no gasto com verba de gabinete (R$ 1,152 milhão), e cota parlamentar (R$ 438,5 mil).
No primeiro ano de mandato, o deputado Beto Pereira (PSDB) estreou ocupando o posto de vice-campeão em gastos, com R$ 1,961 milhão. Prefeito de Terenos por dois mandatos, deputado estadual e filho do ex-senador Walter Pereira, o tucano usou R$ 1,148 milhão para pagar funcionários e R$ 411,6 mil para o custeio das atividades como parlamentar, que inclui locação de veículos e imóveis, combustíveis, divulgação, entre outros.
O presidente regional do PDT, Dagoberto Nogueira, passou a ocupar a 3ª colocação em gasto, com R$ 1,944 milhão. O pedetista ficou em 4ª lugar no gasto da verba de gabinete, com R$ 1,129 milhão. O terceiro lugar ficou com Fábio Trad (PSD), que usou R$ 1,146 milhão, conforme o Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Dagoberto teve o 3º maior gasto da cota parlamentar, R$ 409,5 mil.
Só com a verba de gabinete, para pagar salários de funcionários
Deputado | Verba gabinete |
Vander Loubet | 1.152.574,40 |
Beto Pereira | 1.148.024,90 |
Fábio Trad | 1.146.386,06 |
Dagoberto | 1.129.798,07 |
Loester Trutis | 1.016.158,61 |
Bia Cavassa | 1.004.081,34 |
Rose Modesto | 955.682,42 |
Dr. Luiz Ovando | 932.987,47 |
Trad ficou em 4º no gasto total, com R$ 1,889 milhão. Ao contrário da verba de gabinete, o parlamentar ficou na 5ª colocação na utilização da cota parlamentar, com R$ 296,8 mil. Neste quesito, ele foi superado pelo deputado estreando Loester Trutis (PSL), que gastou R$ 390,4 mil.
O pesselista teve um gasto expressivo porque passou a contratar advogados terceirizados. Ele explicou que a medida visa reduzir o gasto com assessores. No entanto, Trutis acabou custando R$ 1,780 milhão aos cofres públicos no primeiro ano de mandato, em que prometeu política responsável e diferente. Ele acabou usando R$ 1,016 milhão para verba de gabinete, mesmo recorrendo a terceirização para reduzir custos.
Ex-primeira dama de Corumbá, Bia Cavassa (PSDB) ficou na antepenúltima colocação em gastos, com R$ 1,636 milhão, seguida pela colega de partido, Rose Modesto, com R$ 1,527 milhão.
Apenas com a cota parlamentar
Deputado | Só cota |
Vander Loubet | 438.510,40 |
Beto Pereira | 411.610,84 |
Dagoberto | 409.591,30 |
Loester Trutis | 390.442,74 |
Fábio Trad | 296.839,55 |
Bia Cavassa | 255.128,41 |
Rose Modesto | 229.546,89 |
Dr. Luiz Ovando | 155.288,88 |
O único que mostrou diferença em relação aos demais deputados foi Dr. Luiz Ovando (PSL), com R$ 1,462 milhão. Ele usou R$ 932,9 mil para pagar funcionários do gabinete e escritório político. Já da cota parlamentar, o cardiologista usou apenas R$ 155,2 mil.
O contribuinte ainda pagou R$ 63,8 mil ao deputado Beto Pereira. Fábio Trad ficou com R$ 40,9 mil a Fábio Trad, R$ 39,6 mil para Bia e R$ 36,2 mil para Dr. Ovando. Só Vander e Dagoberto não utilizaram o benefício no ano passado.
Os números mostram que os deputados e deputadas não fizeram muito esforço para reduzir o custo do parlamento para os cofres públicos. Neste ano, eles discutiram medidas para reduzir o déficit previdência, como o pagamento de pensão de meio salário mínimo para viúvas.
Os parlamentares votaram o Orçamento da União, que ainda acumula déficit bilionário, e acompanham as queixas dos eleitores com a precariedade da educação, da saúde, da segurança pública e do aumento no número de miseráveis no País.