Praticamente todos os crimes contra a vida e o patrimônio tiveram queda neste ano em Mato Grosso do Sul. A principal novidade foi à redução, pela primeira vez, de 4,58% no número de estupros. Por outro lado, houve crescimento de 52,6% nas ocorrências de sequestro e cárcere privado, conforme dados da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
[adrotate group=”3″]
Para as entidades do setor da segurança pública, o empenho dos policiais civis e militares fez a diferença no combate à criminalidade e ao crime organizado. Na PM, por exemplo, onde houve atraso na convocação dos aprovados no concurso público, persiste o déficit de 4,5 mil militares na tropa. O Governo do Estado não quis se manifestar sobre os números.
Veja mais:
Em quatro anos, cai número de policiais nas ruas e aumenta a criminalidade em MS
Enquanto Capital sofre com a falta de policiais, Reinaldo põe tropa para vigiar fazenda
Além da violência de alunos, 50% das escolas não têm como combater tráfico de drogas
Violência cresce, mas Reinaldo reduz investimento em segurança e amplia repasse ao TCE
De 1º de janeiro a 20 de dezembro deste ano, a polícia registrou 142 sequestros – número recorde nos últimos cinco anos e uma ocorrência a cada 60 horas. No ano passado, foram 93 casos. Segundo a Sejusp, o número de casos de sequestro cresceu 52,17% na Capital, de 23 em 2018 para 35 neste ano.
Aumento de 52,6% | |
Ano | Sequestro |
2015 | 119 |
2016 | 97 |
2017 | 117 |
2018 | 93 |
2019 | 142 |
Pela primeira vez houve queda de 4,58% no número de estupros em MS, de 1.852 para 1.767 no mesmo período. O número de vítimas de violência sexual sempre aumentava a cada ano. E Campo Grande, a diminuição foi de 5,2%, de 596 para 555 ocorrências. Em média, cinco pessoas são estupradas por dia no Estado.
Estupros têm 1ª queda em MS | |
Ano | Estupros |
2015 | 1.476 |
2016 | 1.578 |
2017 | 1.771 |
2018 | 1.852 |
2019 | 1.767 |
Em 2019, houve queda de 19,35% no número de roubos no Estado, de 9.141 para 7.372 ocorrências. Este tipo de crime vem registrando queda desde 2017. O recorde foi registrado em 2016, quando foram registrados 11.036 assaltos a mão armada em Mato Grosso do Sul.
Também houve recuo de 7,03% na quantidade de furtos no período, de 38 mil para 35,4 mil. Este tipo de crime só começou a ter redução no ano passado. O recorde é de 2017, quando foram 39,7 mil ocorrências.
Os crimes contra a vida também tiveram queda neste ano. O número de homicídios dolosos caiu 10,59%, de 434 para 388 ocorrências. O recorde de assassinatos foi registrado em 2017, quando foram contabilizados 542 no Estado. Foram 28 casos de feminicidio, contra 29 em 2018.
Roubos caem 17,6% e roubos, 7% | ||
Ano | Roubos | Furtos |
2015 | 10.026 | 36.633 |
2016 | 11.036 | 37.617 |
2017 | 10.633 | 39.753 |
2018 | 9.141 | 38.083 |
2019 | 7.372 | 35.404 |
Para o presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis), Giancarlo Miranda, a redução na criminalidade reflete o esforço dos servidores públicos em superar a falta de estrutura e até a falta de incentivos. Os policiais tiveram os salários congelados neste ano, apesar do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ter congelado o próprio subsídio em 16,37%.
“Em razão da eficiência das polícias estaduais (PM e PC) nesse ano de 2019, que afugentou e reprimiu a prática de crimes em nosso Estado”, afirmou Giancarlo. Um exemplo foi o trabalho do Garras em desmantelar a quadrilha que pretendia roubar R$ 300 milhões do Banco do Brasil no fim de semana passado. O grupo investiu R$ 1 milhão e tinha cavado túnel para levar até o subsolo da unidade bancária no Bairro Coronel Antonino.
“Mesmo com a queda, os índices de crimes contra o patrimônio são muito altos, a atuação das polícias deve ser intensificada em 2020, na segurança não podemos ter retrocesso”, reconhece Giancarlo, sobre a ocorrência de cinco estupros, 27 roubos e 103 furtos por dia no Estado.
Homicídio tem queda de 10,6% | ||
Ano | Homicídio | Feminicidio |
2015 | 411 | 14 |
2016 | 542 | 31 |
2017 | 517 | 28 |
2018 | 434 | 29 |
2019 | 388 | 28 |
“ Um exemplo claro é a Polícia Civil, que mesmo com falta de efetivo e com pouca valorização dos policiais demonstrou em 2019 resultados surpreendentes. Espero que esse trabalho que é a custa da saúde e das vidas desses homens e mulheres que nos defendem seja recompensado em 2020, tanto nas condições de trabalho como no salário, pois uma coisa é certa no combate ao crime não pode haver descanso”, pontua o presidente do Sinpol.
Para o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM e Corpo de Bombeiros, Mário Sérgio Flores do Couto, os números refletem o “comprometimento e proatividade dos policiais, mesmo com a falta de efetivo”. Ele estima que o déficit seja de 4,5 mil policiais militares.
Apesar de ter sido realizado no ano passado e ser uma das principais promessas da campanha de Reinaldo no ano passado, o Governo do Estado não convocou nenhum dos aprovados no concurso público da PM. O edital prevê 450 vagas, mas o resultado do TAF só foi homologado na semana passada.
O Jacaré procurou, na segunda-feira (23), o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, delegado Antônio Carlos Videira, por meio da assessoria de imprensa, mas não houve retorno.