Ex-vereador, prefeito de Campo Grande por dois mandatos e ex-senador da República, Juvêncio César da Fonseca (PSDB) morreu, às 2h30 da madrugada deste sábado (14), aos 84 anos de idade. Primeiro prefeito eleito da Capital após o fim da ditadura militar, ele ficou famoso pela revitalização das praças e pela criação do passe livre do estudante no transporte coletivo.
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Casado há 40 anos com Sueli Brandão Fonseca, ele deixa dois filhos e dois netos. O velório do ex-prefeito acontece no Parque das Primaveras. O sepultamento está previsto para as 15h de hoje.
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De acordo com o jornal Correio do Estado, Juvêncio estava internadohá dois meses no Proncor há dois meses em decorrência de infecção no osso causada por bactérias. Os problemas de saúde começaram em 2017.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) decretou luto oficial de três dias e lamentou o falecimento do ex-senador. “Estou triste com a notícia, mas confortado pelos bons exemplos que ele deixou na terra. A ligação que tivemos foi de respeito. Antes de assumir a gestão, eu pedi para que ele fizesse uma palestra aos meus secretários para atuarem, eu sempre o chamava de prefeito e pedia conselhos pelas experiências que teve”, afirmou.
Juvêncio nasceu em Campo Grande no dia 21 de setembro de 1935. Filho de pequenos agricultores na região do Córrego Ceroula, ele frequentou as escolas 26 de Agosto e Maria Constança de Barros Machado.
Graças ao trabalho em um cartório, ele juntou dinheiro e fez Direito na Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro (RJ). Em entrevista ao programa Personalidades, da TV Assembleia, ele relembrou que deixou a Cidade Morena de “mala e cuia” para seguir o conselho da mãe, Jesuína de Jesus, de que a educação era importante para a sua vida.
Formado, ele voltou ao então estado do Mato Grosso e foi aprovado no concurso de defensor público. Juvêncio foi presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, que comanda a Santa Casa.
Ele entrou na política no início dos anos 1980 como chefe de gabinete do prefeito da Capital, Marcelo Miranda Soares. Em 1983, elegeu-se vereador da Capital. Com o fim da indicação do cargo de prefeito biônico – indicado pelos militares – Juvêncio César da Fonseca se tornou o primeiro prefeito eleito pelo voto direto de Campo Grande com a volta da redemocratização em 1985.
Na ocasião, mesmo sem integrar a elite política nem carregar nome da política tradicional, ele sucedeu Lúdio Martins Coelho. O famoso pecuarista acabou retornando à prefeitura em 1989.
Em 1992, outro marco, Juvêncio foi o primeiro prefeito a ser eleito no segundo turno na Capital. Na ocasião, ele enfrentou Marilu Guimarães, na época no PFL, que tinha o apoio de Lúdio Coelho.
O segundo mandato de prefeito, de 1993-96, foi marcado pela construção e revitalização de praças, como o Belmar Fidalgo e Horto Florestal. “As praças eram secas, feia”, justificava-se, sobre a obsessão em dotar uma das cidades mais arborizadas do Brasil com mais espaços de lazer.
Juvêncio recuperou a Pensão Pimentel, um dos casarões mais tradicionais de Campo Grande, que tinha sido destruída pelo fogo. Tombado como patrimônio histórico e localizada na principal via da Capital, a Avenida Afonso Pena, o local se transformou na Morada dos Baís e é administrada pelo SESC.
Outro marco na gestão foi a criação do passe livre para os estudantes, uma reivindicação antiga da UCE (União Campo-grandense dos Estudantes) e dos movimentos universitários. Até então, os estudantes pagavam 50% da tarifa do transporte coletivo.
Juvêncio entregou a prefeitura para André Puccinelli (MDB) em 1997 e se elegeu senador da República em 1998. No único mandato, ele foi integrante da CPI dos Bingos e presidente do Conselho de Ética do Senado. Em entrevista à TV Assembleia, ele demonstrou não guardar boas lembranças do Congresso Nacional. “Brasília não tem significado nenhum”, comentou.
Na gestão de Puccinelli como governador, ele acabou sendo nomeado para os polêmicos cargos de assessor especial, que abrigavam ex-prefeitos e ex-parlamentares.