A OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) causou polêmica ao aderir ao movimento religiosa contra o filme “A Primeira Tentação de Cristo”, especial de Natal do Porta dos Fundos na Netflix. Considerada uma das principais instituições nacionais em defesa da Constituição e da liberdade religiosa, a entidade divulgou nota de repúdio contra a sátira, que vem causando a fúria de católicos e protestantes por apresentar Jesus gay.
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A nota da entidade causou a reação de advogados e até de ex-presidentes da ordem. “No conflito entre a Constituição e a sociedade, a OAB teria que ficar do lado da Constituição, isso para proteger a própria sociedade das maiorias eventuais que vem e que vão”, reagiu o ex-presidente da OAB/MS, Leonardo Avelino Duarte.
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Já a Comissão de Assistência e Liberdade Religiosa tem outro entendimento. “Em tempos de conscientização sobre a importância do respeito às diferentes formas de expressão das religiões, é inaceitável o desserviço prestado pelo filme brasileiro especial de Natal (…) onde se vê profundo desrespeito às religiões cristãs, católica e protestante”, destacou.
“Para os cristãos, católicos ou protestantes, Jesus, Maria, o Espírito Santo, Deus, e as histórias e ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada, são suas representações máximas de fé e vida, portanto o que foi veiculado pelo referido filme, profana a religião cristã de forma vergonhosa”, condena.
“É uma das atribuições desta comissão, promover cultura de paz e tolerância religiosa na sociedade, difundindo esses conceitos. Sendo assim, expressamos nosso repúdio ao Filme Especial de Natal Netflix, Porta dos Fundos por ofender e desrespeitar a fé cristã”, conclui, juntando-se ao movimento nacional contra a exibição do filme.
Petição contra especial de Natal do Porta dos Fundos tem 1,4 milhão de assinaturas. Você pode assinar aqui
Para o advogado Yves Drosghic, a OAB/MS não pode censurar um programa humorístico. “Sou cristão, acredito em Deus, em Jesus Cristo, se eu acho ofensivo, eu não assisto. Isso é a liberdade de expressão, que está constituída dentro da Constituição Federal e do estado de democrático”, afirmou. Ele disse que a entidade não poderia usar o dinheiro dos advogados para censurar um programa de humor.
“As pessoas podem lamentar o filme do Netflix, como eu pessoalmente lamento, mas usar da instituição para repudiá-la, é, ao meu ver, mal usar a OAB para os seus fins institucionais”, completou Leonardo Duarte.
O advogado Ilmar Renato Mamão, o ex-BBB, também criticou a nota publicada pela instituição. “Vejo que a censura da arte com fundo religioso não fortalece a democracia”, afirmou. “Nem todos são cristão, acredito que a OAB deveria se preocupar com o Estado de Exceção que estamos vivendo, com retirada de direitos e aos ataques contra a instituição pelo governo (Jair) Bolsonaro”, completou ele, que foi candidato a deputado federal pelo PT nas eleições do ano passado.
No polêmico filme, Jesus é surpreendido com uma festa de aniversário de 30 anos. Maria e José revelam que ele foi adotado e seu verdadeiro pai é Deus. Outra surpresa é o relacionamento de Jesus com outro homem.
A petição online contra o programa tem mais de 1 milhão de assinaturas, conforme o comunicado da OAB/MS. A Netflix informou que não cogita tirar o programa do ar.