Após tramitar por oito anos no Supremo Tribunal Federal, o inquérito sobre pagamento propina em troca da liberação de emendas parlamentares ao ex-deputado federal Geraldo Resende (PSDB) será encaminhado à primeira instância em Dourados. Depois de adiar por 12 sessões consecutivas, a 1ª Turma concluiu o julgamento nesta terça-feira (10) e impôs nova derrota ao secretário estadual de Saúde (veja o andamento do processo).
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Por unanimidade, os ministros negaram o recurso do tucano, que pretendia manter a investigação na suprema corte, onde tramita sem desfecho desde 28 de outubro de 2011. No ano passado, o ministro Marco Aurélio, relator do caso, determinou a remessa da investigação para Dourados. No entanto, Geraldo recorreu para manter o foro privilegiado, que perdeu após não conseguir ser reeleito.
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O recurso começou a ser analisado no dia 26 de novembro deste ano, mas o julgamento foi adiado após pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. Ele o devolveu na semana passada e o processo foi pautado para ser julgado ontem.
Este inquérito é mais um decorrente da Operação Uragano, deflagrada pela Polícia Federal para investigar corrupção na Prefeitura de Dourados em 2010. Na época, o jornalista Eleandro Passaia, então secretário de Comunicação, gravou autoridades e o então prefeito, Ari Artuzi, que fizeram revelações de esquemas mirabolantes de corrupção.
Uma das revelações envolveram Resende. Em um dos despachos, o ministro Marcos Aurélio pontuou que o secretário de Saúde teria liberado R$ 3 milhões em emendas para o município douradense entre 2008 e 2010. Quebra do sigilo bancário revelou que o tucano recebeu depósitos não identificados de R$ 132.398 no período e repasses feitos em nome do irmão.
O STF determinou a quebra do sigilo bancário e novas diligências. A PF concluiu a investigação, mas o fim do foro privilegiado do parlamentar, que vinha sendo reeleito desde 2002, mudou os rumos do processo.
Somente com a conclusão a investigação pela PF, que deveria demorar 60 dias, mas já passa de oito anos, o tucano poderá ser indiciado pelo suposto pagamento de propina. Em seguida, o Ministério Público Federal poderá arquivar o caso ou apresentar denúncia por peculato e corrupção. O crime prescreve em 12 anos e só no Supremo, o inquérito tramitou por oito anos.
Esta não é a única denúncia contra o ex-deputado que vem causando indignação em parte da sociedade. Ele foi citado como suposto integrante da bancada comprada pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), preso e condenado duas vezes na Operação Lava Jato.
Resende teria recebido R$ 150 mil da JBS para votar em Cunha para presidir o legislativo federal e fazer contraponto a então presidente Dilma Rousseff (PT). A JBS teria destinado R$ 30 milhões para compra de deputados. O caso será analisado pela ministra Rosa Weber, que poderá encaminhá-lo ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região ou mantê-lo no STF, já que três deputados federais estão entre os investigados.