Os servidores do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian aprovaram, nesta quarta-feira (4), indicativo de greve a partir da próxima terça-feira (10) e Campo Grande pode ficar sem a segunda maior unidade de saúde no fim de ano. Os funcionários alegam falta de condições de trabalho, que só piora desde a posse do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no dia 1º de janeiro de 2015.
[adrotate group=”3″]
“A enfermagem não aguenta mais”, lamenta o presidente do Sintss (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social), Ricardo Bueno. Além do problema de faltar de quase tudo, servidores sofrem com o acúmulo de trabalho.
Veja mais:
Indicada para tirar HR da crise, médica é ré por improbidade administrativa por acúmulo indevido de cargos
Falta quase tudo, que até parece hospital da Venezuela, mas é o Regional da Capital
Para minimizar caos, secretário de Saúde conta os mortos: 12.939 mortes em dez anos no HR
MPE vai apurar se houve crime na morte de 1.140 pessoas em 10 meses no Hospital Regional
Atualmente, eles cumprem a jornada semanal de 40h e podem fazer até cinco plantões de 12 horas (60h por mês). Como solução emergencial, o Governo do Estado estuda ampliar para oito plantões mensais de oito horas (96h). “Não tem condições, a escala não fecha”, destacou o sindicalista, sobre a falta de funcionários.
Em alguns setores, que deferiam contar com cinco profissionais de enfermam, só existem dois. A situação é tão grave, conforme o TopMídiaNews, que um técnico de enfermagem deu detalhes da calamidade. Como é obrigado a cuidar de 12 pacientes. No local onde a higienização é fundamental para evitar a proliferação de bactérias e da temível infecção hospitalar, doentes ficam até dois dias sem tomar banho.
O site ainda descreve de forma espantosa o descaso da atual gestão com os pacientes. “Maioria dos pacientes que entra no hospital precisa de medicamento, antibióticos, está com infecção grave e fica só no soro”, comentou o técnico de enfermagem, que teve a identidade preservada.
O anonimato é a garantia para livrar o funcionário de perseguição. Neste ano, em vídeo que viralizou nas redes sociais e nos grupos de aplicativos, Reinaldo cobrava a punição de uma servidora do Detran que se queixou por estar almoçando em pé com a volta da jornada de oito horas. O tucano ameaçou processar a funcionária.
Nem a posse da médica Rosana Leite de Melo, ré na Justiça por improbidade administrativa por acúmulo indevido de cargos, para presidir o HR impediu a piora da situação. “A situação que o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul está passando é de calamidade e de ilegalidade”, alertou o presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Sebastião Júnior Henrique Duarte (veja mais).
Como é frequente a falta de insumos para assistência médica e o déficit de profissionais de enfermagem, o Coren/MS iniciou o processo de interdição ética no estabelecimento. Os profissionais de enfermagem podem ser proibidos de trabalhar no HR.
“Sem materiais e medicamentos para a assistência – incluindo insumos básicos, como esparadrapo e soro fisiológico – a segurança dos pacientes e dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem encontra-se comprometida, bem como a de outros profissionais da área de saúde que lá atuam”, informou o conselho, em nota no dia 25 deste mês.
Os doentes entubados no CTI (Centro de Terapia Intensiva) não estão tomando banho por falta de funcionários, segundo denúncia do Coren. A entidade estima que o déficit é de 261 enfermeiros e 197 técnicos de enfermagem no HR.
O quadro caótico e terrível, semelhante ao registrado em países com crise crônica, como a Venezuela, ou em guerra civil, como os africanos, não tem nada a ver com o hospital apresentado na campanha pela reeleição de Reinaldo Azambuja.
Enquanto os pacientes agonizam na rede estadual, os deputados estaduais, tão preocupados com o povo, discutem o reajuste de 20% nos salários dos magistrados, que já ganham o maior salário do País, de R$ 85 mil, em média.
O quadro do HR é estarrecedor e pode servir de laboratório para os eleitores que gostam de criticar a situação na Venezuela. É só ver a situação da saúde na rede estadual de Mato Grosso do Sul.