A repaginada na Rua 14 de Julho, o coração do comércio de Campo Grande, transformou-se na principal “vitrine” da campanha pela reeleição do prefeito Marquinhos Trad (PSD). No entanto, políticos sem voto, mas com pretensões de disputar a indicação de candidato a vice-prefeito, e com a popularidade em baixa em decorrência do pacote de maldades de fim de ano, como Reinaldo Azambuja (PSDB), tentaram usar a obra para dar um upgrade na imagem diante da opinião pública.
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O tucano não foi muito feliz na iniciativa e enfrentou vaias ao participar da inauguração na noite de sexta-feira (29), conforme reportagem do Midiamax. A recepção nada calorosa pode ser o recado do campo-grandense ao governador, eleito na onda de renovação, mas que vem imprimindo gestão marcada pelo aumento da carga tributária.
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Inaugurada a 11 meses das eleições de 2020 e com investimento de R$ 60 milhões, a revitalização da Rua 14 de Julho recuperou parte da autoestima da região central, sem investimento há 40 anos. A retirada do emaranhado de fios e postes, a ampliação das calçadas e o maior conforto ao pedestre na principal via do comércio fazem da primeira fase do Reviva Centro.
Em tempo de vacas magras, com contenção de dinheiro nas esferas federal e estadual, Marquinhos conseguiu concluir uma obra de ampla visibilidade. Cerca de 250 mil a 300 mil pessoas devem passar por dia no Centro, segundo estimativa da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas). A revitalização segue tendência mundial e põe a Capital, preparando-se para atingir 1 milhão de habitantes, no mesmo nível de outras metrópoles, com mais espaço para o pedestre e menos para os veículos no Centro.
Sem voto, mas de olho em ganhar pontos na opinião pública, o secretário municipal de Governo, Antônio Lacerda, caprichou na produção de um vídeo autopromocional. Único integrante do primeiro escalão a tentar faturar com a obra, ele conversou com populares e usou até imagens aéreas para exibir nas redes sociais.
Outro que gravou na Rua 14 de Julho foi o chefe de gabinete do governador, Carlos Alberto de Assis. Depois de perder o posto no primeiro escalão, ele passou a se dedicar ao projeto de ser candidato a vice-prefeito de Marquinhos Trad. Para ser indicado pelo PSDB, caso seja concretizada a aliança anunciada no ano passado, Assis precisa de voto.
Este é o problema. O tucano não dispõe de musculatura política e pode ter dificuldade até para ser eleito vereador. Como existe a expectativa nos bastidores, de que Marquinhos sendo reeleito no primeiro turno, poderia disputar o Governo em 2022, Assis sonha em herdar a prefeitura sem precisar de votos.
Na semana passada, Assis gravou vídeo convidando a população para a inauguração da Rua 14 de Julho e apresentou a obra como se fosse resultado da parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande. A gestão estadual não teria dado um tostão para a revitalização da via.
Outro que usou a obra para tentar melhorar a imagem foi Reinaldo Azambuja. Ao Campo Grande News, ele apresentou a revitalização como resultado da parceria. “É fruto de uma grande parceria em favor de Campo Grande. Esse é o caminho, é construindo parcerias que a gente acaba melhorando a vida das pessoas, fortalecendo a cidade e fazendo parte da história da 14 de Julho, que é parte fundamental da historia de Campo Grande”, disse ao site.
Só que a obra é fruto de financiamento feito pelo município junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O Governo deverá contribuir com outras etapas do Reviva Centro, mas não teria liberado dinheiro para a 14 de Julho.
De acordo com o Midiamax, Marquinhos aproveitou a popularidade e chegou no meio do povo, enquanto Reinaldo teria entrado pela “porta dos fundos” e ainda enfrentou vaia. O tucano sofre os efeitos do pacote de fim de ano, que elevou o ICMS sobre a gasolina, manteve o aumento de até 50% no ITCD e elevou as alíquotas do Fundersul em até 71%.
A obra impulsionou a popularidade de Marquinhos. No atual momento, sem candidatos competitivos, o prefeito desponta como favorito à reeleição em 2020. O ex-governador André Puccinelli descartou a candidatura de olho em 2022. Já o juiz federal Odilon de Oliveira deve se filiar ao partido do prefeito e somar forças.
A principal adversária é a deputada federal Rose Modesto, mas que não tem espaço para ser candidata no PSDB. Com problemas de saúde, o ex-governador Zeca do PT não será candidato em 2020. O Capitão Contar pode não disputar se o novo partido presidente Jair Bolsonaro, APB (Aliança Pelo Brasil), não for criado a tempo.
A única preocupação de Marquinhos é com os candidatos a azarão, como o procurador Sérgio Harfouche, sem partido, e o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli (SD).