A JBS repassou R$ 1,103 milhão às campanhas em 2014 do deputado estadual Marçal Filho e do secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, ambos do PSDB. Eles fazem parte da lista de 18 políticos que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de inquérito para apurar a compra de deputados pelo ex-deputado Eduardo Cunha (MDB), condenado a 14 anos de prisão na Operação Lava Jato.
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De acordo com a delação premiada do ex-executivo da JBS, Ricardo Saud, a empresa repassou R$ 30 milhões para deputados federais em troca do apoio à candidatura de Cunha à presidência da Câmara dos Deputados. A estratégia do emedebista era fazer contraponto a presidente Dilma Rousseff (PT), que estava com a popularidade em alta e acabou reeleita.
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Conforme a delação, o repasse ocorreu por meio de doações oficiais, emissão de notas frias e entrega em espécie. Só três investigados possuem foro especial porque foram reeleitos no ano passado e continuam na Câmara: Carlos Bezerra, do Mato Grosso, Mauro Lopes, de Minas Gerais, e José Priante, do Pará.
De acordo com a prestação de contas encaminhada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marçal Filho, então no MDB, recebeu R$ 653 mil da JBS para disputar a reeleição. Dois repasses foram feitos por meio da campanha do candidato a governador Nelsinho Trad (PSD), que somaram R$ 253 mil.
A direção nacional do MDB repassou R$ 150 mil, enquanto a candidata a senadora Simone Tebet (MDB) encaminhou mais R$ 250 mil. No total, por meio de terceiros, o tucano recebeu R$ 653 mil da JBS.
Ao falar sobre a abertura do inquérito, Marçal negou ter recebido qualquer recurso diretamente da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ele disse que nem chegou a discutir o apoio à candidatura de Cunha à presidência da Câmara porque acabou perdendo a eleição.
Já Geraldo Resende teve o repasse de R$ 453 mil pela JBS, conforme a prestação de contas feita à Justiça Eleitoral. Na época no MDB, ele recebeu R$ 150 mil diretamente da JBS. De acordo com o Midiamax, na delação premiada, Saud apontou o repasse de R$ 150 mil a Resende.
A empresa fez mais dois repasses por meio de terceiros. A campanha de Simone destinou R$ 150 mil para Resende, enquanto a direção nacional do MDB mais R$ 150 mil. Em nota, o secretário de Saúde admitiu que houve repasse por meio do então presidente nacional do partido, Michel Temer.
Ao contrário de Marçal, Resende teve mais sorte e acabou reeleito. Ele confirmou que votou em Eduardo Cunha para presidente da Câmara, mas negou ter sido em troca de propina ou financiamento da campanha. Em nota, ele ressaltou que acabou optando por Cunha por fidelidade partidária, já que ele era o candidato do MDB.
O inquérito foi aberto oficialmente nesta semana pelo Ministério Público Federal e o desfecho pode levar anos. Só para se ter ideia, a delação premiada de Ricardo Saud foi homologada por Fachin em maio de 2017, ou seja, há mais de dois anos.
Até o momento, apesar da empresa ter denunciado o pagamento de propina para mais de 1,7 mil políticos, ninguém foi condenado com base nas revelações bombásticas dos irmãos Batista.