Sem ação efetiva do Governo em solucionar o gravíssimo problema, o déficit de funcionários é mais um agravante na situação caótica do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian. A falta de pessoal atinge até a área vermelha, onde servidores fazem esforço sobre-humano para dar conta do atendimento de pacientes entubados.
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Nesta quinta-feira, servidores do PAM (Pronto de Atendimento Médico) fizeram protesto contra o déficit de pessoal no estabelecimento. Eles paralisaram as atividades por uma hora de manhã e devem repetir o protesto no início da tarde, das 13h às 14h.
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O ato é mais um pedido de socorro dos profissionais da unidade, mergulhada na mais grave crise em mais de duas décadas. O Governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) deixou faltar até remédio para dar aos doentes internados no HR. Médicos chegaram a constatar a falta de material ao se deparar com o paciente já na mesa de cirurgia, conforme denúncia do Ministério Público Estadual.
De acordo com o presidente do Sintss (Sindicato dos Trabalhadores na Seguridade Social), Ricardo Bueno, o ideal era 26 funcionários no pronto socorro. No entanto, somente 15 cumprem expediente na área de emergência, a área mais sensível e onde a vida do paciente pode ser perdida em questão de minutos.
Nesta quarta-feira, de acordo com os manifestantes, dois funcionários estavam lotados para atender sete pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do PAM. O ideal era de, no mínimo, cinco. “O servidor não consegue cuidar do paciente”, lamentou o sindicalista.
Em todo o hospital, segundo o sindicato, faltam 192 técnicos em enfermagem. Apesar de o concurso público ter sido autorizado em 2017, Reinaldo ainda não deu previsão de quando irá reforçar os quadros do HR, o segundo maior hospital do Estado.
O reflexo da precariedade do Hospital Regional assustou a sociedade com a revelação de que 1.140 doentes morreram na unidade em oito meses, entre 1º de fevereiro e 14 de outubro deste ano. O número de óbitos dobrou em relação ao último ano da gestão de André Puccinelli (MDB) em 2014.
Para tentar resolver o problema, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, e o governador decidiram nomear a médica Rosana Leite de Melo para presidir o hospital. Ela é ré por improbidade na Justiça Estadual por acumular empregos públicos indevidamente. De acordo com o Ministério Público Estadual, ela cumpria jornada de 76 horas.
O médico Márcio Eduardo Pereira de Souza aderiu ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) e deixou o cargo de presidente do hospital. A Justiça já concedeu várias liminares para obrigar o Governo do Estado a dar o mínimo de dignidade no tratamento dos pacientes, mas os problemas se acumulam.
Nesta quarta-feira, conforme o Correio do Estado, o MPE abriu novo inquérito para apurar a não realização de cirurgia da próstata no HR. O órgão já obteve liminar para obrigar a retomar do atendimento no setor de cardiologia, que chegou a ser suspenso em setembro por falta de materiais.
Apesar de a Justiça ter determinado no início do ano a compra de medicamentos para suprir as farmácias do hospital, o Governo do Estado ainda não cumpriu a liminar. De acordo com Bueno, a expectativa é de que o estoque de remédios seja normalizado só no final de dezembro deste ano.
Geraldo tem enfatizado que a solução do HR é a mudança na gestão e redução no custeio. Ele defende a contratação de organização social para gerir o hospital. Em 2016, quando a candidata prefeita da Capital era a deputada federal Rose Modesto (PSDB), Reinaldo prometeu que não terceirizaria a gestão do HR.