Um clube de poker esportivo encerrou as atividades repentinamente em Campo Grande e não pagou direitos trabalhistas. Agora, 14 funcionários cobram indenização de R$ 315 mil do deputado estadual Jamilson Lopes Name (PDT), que seria um dos sócios do empreendimento. Ele nega a sociedade e diz que só foi incluído no polo passivo porque foi fiador do aluguel do prédio.
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A ação trabalhista é mais uma dor de cabeça para a família Name, cujo patriarca, Jamil Name, e o outro filho, Jamil Name Filho, estão presos desde 27 de setembro deste ano na Operação Omertà, acusados de chefiar milícia armada e grupo de extermínio na Capital. Eles estão presos no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), o mais rigoroso do sistema prisional, na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
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A ação dos ex-funcionários contra o All In Club, Jamilson Name, Gerson Chahum Tobji, Olício Ximenes Júnior, Jeverson de Oliveira Gomide e Gustavo de Freitas Tomaz foi protocolada no dia 1º de julho deste ano.
De acordo com a ação, alguns funcionários trabalhavam no local há mais de cinco anos, desde janeiro de 2014, e nunca foram registrados nem receberam férias, adicional noturno, gratificação por trabalho aos domingos. Alguns ficaram sem receber os salários de abril e maio deste ano.7
Garçonetes, cozinheiras, dealeres (funcionário que distribui as cartas e controla o jogo) e serviços gerais trabalhavam de segunda a sábado das 19h às 4h da manhã. Todos eram convocados para trabalhar um domingo a cada dois meses no torneio estadual.
Uma garçonete começou como cozinheira em 2014 e nunca tirou férias nos últimos cinco anos. Um dealer teve que fazer jornada dupla por um período, cumprindo expediente no clube das 14h às 4h. Uma outra trabalhadora relatou à Justiça do Trabalho que foi obrigada a passar três dias seguidos no All In Club.
Oficialmente fundado em 5 de agosto de 2012 sem fins lucrativos, o clube tem como atividades oficiais cantina, serviço de alimentação privativo; casas de chá, sucos e similares; diversões de jogos, Texas Holdem, jogos de xadrez, jogos de dama, jogos de ping-pong, snook entre outros.
“A ré não possui patrimônio, sendo os valores auferidos sempre distribuídos diretamente aos sócios, motivo pelo qual mister também se faz a solidariedade passiva. Se ‘intitulavam’ clube, no intuito de ocultação do quadro societário, quando na verdade nunca se tratou de clube, com diretoria e associados, mas sim empresa com fins lucrativos, fraude aos trabalhadores e ganhos incalculáveis dos sócios”, anotou a defesa dos ex-funcionários.
Jamilson Name negou que seja sócio do clube. Ele enviou a certidão atualizada em agosto deste ano do quadro societário do All In Club, onde ele não aparece como integrante dos quadros. O presidente é Gerson Tobji.
O deputado contou que frequentou o clube de 2015 até 2017. No entanto, desde que passou a fazer campanha, no ano passado, ele garantiu que não frequentou mais o salão de jogos na Rua Joaquim Murtinho.
Jamilson disse que apenas foi avalista da locação do prédio. Ele alegou que só o incluíram no passivo da ação trabalhista em decorrência de ter sido o fiador do aluguel do prédio. O parlamentar disse que até foi obrigado a pagar os alugueis atrasados.
Advogado de Gerson Tobji, Rhiad Abdulahad, contesta a versão apresentada pelo deputado estadual. Ele afirmou que o seu cliente se afastou do clube de jogos em fevereiro deste ano, quando o local passou a ser administrado pelo deputado e por Luiz Paulo Delfino.
Durante audiência de conciliação na Justiça do Trabalho na terça-feira (19), Gerson explicou que não faz mais parte da sociedade. A defesa até apresentou a ata de uma reunião ocorrida em agosto de 2014 para provar que Jamilson Name fazia parte da direção do All In Club ao figurar como vice-presidente.
Delfino também negou, em contestação apresentada à Justiça, que faça parte da diretoria do clube. “É de causar estranheza o pedido da inclusão do ora Reclamado no polo passivo da presente (ação), ao argumento da solidariedade passiva, vez que este não faz, nem nunca fez, parte do quadro dirigente da empresa ALLIN CLUB. Impõe-se, então, a exclusão do Reclamado LUIS PAULO DELFINO do pólo passivo da presente lide, vez que não existiu qualquer relação de emprego entre este e os Autores da presente Reclamatória”, anotou a defesa.
Os ex-funcionários acabaram ficando sem advogado nesta semana. O responsável pela denúncia acabou renunciando a ação contra o deputado estadual.