O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende Pereira, também será investigado no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal para investigar a compra de deputados federais pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB). Deputado federal pelo MDB em 2014, ele foi reeleito e apoiou a eleição do emedebista para presidir o legislativo em fevereiro de 2015.
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Geraldo foi citado no anexo 2 da delação premiada do executivo da JBS, Ricardo Saud. De acordo com o relato, em 2014, a empresa destinou R$ 30 milhões para deputados federais candidatos à reeleição em troca do apoio a Eduardo Cunha, que já planejava a candidatura à presidência da Câmara para fazer contraponto a presidente Dilma Rousseff (PT).
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Além do tucano, o inquérito 4.806, aberto nesta terça-feira (19) por determinação de Edson Fachin, vai investigar o envolvimento do deputado estadual Marçal Filho (PSDB) no esquema. O radialista douradense perdeu a eleição em 2014 e negou ter discutido o apoio a Cunha, preso desde outubro de 2016 e condenado a 14 anos e seis meses de prisão na Operação Lava Jato.
Fachin determinou a abertura de inquérito contra 18 políticos, inclusive três deputados federais do MDB: Carlos Bezerra, do Mato Grosso, Mauro Lopes, de Minas Gerais, e José Priante, do Pará. Além de Cunha, outros 14 não possuem foro especial no STF e deverão ser investigados, junto com Geraldo e Marçal Filho, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que engloba o Distrito Federal.
De acordo com a denúncia, a JBS repassou, por indicação de Eduardo Cunha, R$ 30 milhões para a compra de apoio dos deputados por meio de doações oficias, entrega em espécie e emissão de notas fiscais frias (sem a prestação do serviço).
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de inquérito para apurar a compra de apoio de deputados federais em 2014 por Eduardo Cunha (MDB). De acordo com o G1, um dos 18 políticos investigados é o deputado estadual Marçal Filho (PSDB), que disputou a reeleição na época, mas não conseguiu se reeleger.
Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, Geraldo Resende afirmou que respeita a decisão do ministro Edson Fachin, porque cumpre uma prerrogativa de ministro da suprema corte.
Ele afirmou que está “bastante tranquilo em relação às questões levantadas”, porque as “denúncias não condizem com a realidade, já que nunca, em época alguma, discutiu apoio às suas campanhas eleitorais com a JBS”.
“Os recursos da campanha eleitoral de 2014 foram repassados pelo seu partido, à época, o PMDB, que era presidido pelo ex-presidente Michel Temer. Esses recursos, inclusive constam de sua prestação de contas, aprovadas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral)”, ressaltou.
Assim como Marçal Filho, o ex-deputado federal afirmou que não conhece as reais intenções do delator, Ricardo Saud. Ele espera que as mesmas sejam esclarecidas no decorrer das investigações.
Por outro lado, Resende admitiu que votou em Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados. “Porque o mesmo foi o candidato do meu partido à época, ou seja, por uma questão de fidelidade partidária”, justificou-se.
“Ao final, esta será mais uma ação que vai para os arquivos da Justiça e me dará, mais uma vez, um certificado de lisura no trato da coisa pública”, frisou.
O tucano é alvo de outro inquérito no Supremo, que tramita desde 2010. Neste processo, ele é investigado por suposto pagamento de propina por emendas destinadas à Prefeitura de Dourados, na época de Ari Artuzi.
O STF decidiu que o inquérito deverá tramitar na primeira instância, ou seja, em uma das varas criminais de Dourados, mas o tucano recorreu contra e a 2ª Turma do Supremo vem postergando o julgamento do recurso desde o início deste ano.
Geraldo pode continuar “inocente” graças a ajudinha dos ministros da suprema corte, que vem postergando a análise do seu pedido e travando a investigação. O tucano pode ser salvo pela prescrição.