A extrema pobreza disparou em Mato Grosso do Sul e o número de miseráveis, com renda inferior a R$ 145 por mês, teve aumento de 154% entre 2014 e 2018, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A situação deve piorar, já que em abril deste ano, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) anunciou a exclusão de 22 mil das 45 mil famílias beneficiadas pelo Vale Renda no Estado.
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Os números da SIS (Síntese dos Indicadores Sociais), divulgada pelo instituto nesta quarta-feira (6), expõem em números a sensação de que a pobreza aumentou nas ruas de MS. Na Capital, o cidadão se confronta com mais intensidade com a pobreza ao verificar mais moradores de ruas, pedintes nos semáforos e famílias acampadas às margens dos córregos.
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Até o número de pobres, com renda de até 3,2 dólares por dia, cresceu 51% no Estado. Nos últimos quatro anos, de acordo com o IBGE, dobrou a população sem qualquer renda no Estado.
O avanço da extrema pobreza ocorre com a redução dos investimentos em assistência social, apesar de não faltar dinheiro para elevar os salários de promotores, juízes, vereadores, secretários estaduais e do próprio governador.
Em abril deste ano, para economizar R$ 51,4 milhões por ano, Reinaldo anunciou o corte de 22 mil bolsas do Vale Renda. Das 45 mil famílias atendidas, o Governo só manteve o pagamento da bolsa de R$ 180 por mês para 23 mil.
A economia mensal com a ajuda de custa com os habitantes vivendo na extrema pobreza equivale a R$ 3,9 milhões, o valor do jatinho usado comprado pelo Governo estadual do Estado de Santa Catarina.
A extrema pobreza teve avanço de 154% no Estado. O número de moradores vivendo com R$ 145 por mês passou de 31 mil em 2014, último ano da gestão de André Puccinelli (MDB), para 79 mil no ano passado, encerramento do primeiro mandato tucano. É um recorde estadual.
A extrema pobreza em números
Ano | Número de moradores |
2012 | 45 mil |
2013 | 44 mil |
2014 | 31 mil |
2015 | 49 mil |
2016 | 41 mil |
2017 | 68 mil |
2018 | 79 mil |
Fonte: | IBGE |
No mesmo período, conforme o IBGE, a quantidade de pessoas pobres cresceu 51%, de 109,8 mil para 165,9 mil. O percentual de pessoas sem rendimento passou de 0,4% para 0,9% no período.
Os números expõem o agravamento da situação social no Estado. O mesmo cenário se repete em nível nacional, quando o número de miseráveis chegou a 13,5 milhões no ano passado.
O gerente do estudo, André Simões, defende que são necessárias políticas públicas para combater a extrema pobreza, porque ela atinge um grupo mais vulnerável e com menos condições de ingressar no mercado de trabalho.
“Esse grupo necessita de cuidados maiores que seriam, por exemplo, políticas públicas de transferência de renda e de dinamização do mercado de trabalho. É fundamental que as pessoas tenham acesso aos programas sociais e que tenham condições de se inserir no mercado de trabalho para terem acesso a uma renda que as tirem da situação de extrema pobreza”, ressaltou Simões.
Com a retração nas políticas sociais, as entidades, empresas e cidadãos vão precisar se mobilizar para garantir pelo menos uma cesta básica no Natal das famílias pobres.
O ápice das mobilizações ocorreu com a campanha Natal Sem Fome, idealizada pelo sociólogo Betinho, deve voltar a ganhar visibilidade nas ações de fim de ano.
Em Campo Grande, o número de famílias vivendo embaixo de pontes e viadutos vem se tornando comum nos últimos anos e se transformou na face mais visível do aumento da miséria no Estado. No mês passado, a prefeitura fez ofensiva para retirar as famílias dos locais e foi anunciado até a construção de muro para impedir o retorno dos moradores de rua aos locais.