Caiu toda a diretoria nomeada para “salvar” o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian. A situação é tão crítica que o então diretor-presidente, Márcio Eduardo de Souza Pereira decidiu abandonar o serviço público e aderiu ao PDV (Programa de Demissão Voluntária). A nova presidente será a médica cirurgiã de cabeça e pescoço, Rosana Leite de Melo.
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A saída de Pereira expõe o fracasso da administração estadual, que não consegue nem garantir o abastecimento das farmácias do hospital, deixando doentes sem remédios, conforme denúncia do Ministério Público Estadual. Até a Justiça decidiu intervir, diante da gravidade, e conceder liminar para obrigar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) a comprar medicamentos.
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Em setembro deste ano, o hospital suspendeu parcialmente o setor de cardiologia em decorrência da falta de produtos. A retomada só ocorreu em meados do mês passado após, novamente, intervenção da promotora Filomena Aparecida Depólito Fluminhan, que ingressou com mais uma ação na Justiça.
O reflexo do caos no HR não está restrito às notícias alarmantes dos jornais e sites, que, mesmo apoiando a gestão tucana, acabam divulgando o sofrimento dos pacientes. De acordo com informação do próprio hospital, foram 1.140 mortes de 1º de fevereiro até o dia 14 de outubro deste ano.
Os números deixaram a população ainda mais assustada. Integrantes da gestão anterior, André Puccinelli (MDB), garantem que o número de óbitos de pacientes dobrou entre 2014 e este ano, de 60 para 136 por mês. O Governo garante que o número está dentro da média histórica.
Para tirar a dúvida, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou a abertura de inquérito pelo MPE para apurar a causa das mortes no HR, o segundo maior hospital do Estado.
Para efeito de comparação, atendendo um número de doentes três vezes maior, a Santa Casa teria registrado 1.101 mortes neste ano, contra 1.140 do Regional.
Em meio à investigação, Márcio Eduardo de Souza Pereira decidiu aderir ao PDV. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a adesão do médico ao programa foi aprovada e publicada no Diário Oficial do dia 17 de setembro deste ano.
Outro nomeado para tirar o HR da crise era o médico Fernando Goldoni, que deixou o cargo de diretor técnico logo após a nomeação em janeiro deste ano. Ele tinha sido substituído por Alberto Cubel Brull Júnior. O terceiro integrante era o auditor Edson da Mata, que foi nomeado como diretor administrativo, mas tinha pedido demissão há mais tempo. Ele foi substituído por
Rehder dos Santos Batista.
Cubel Jr. será substituído pela médica Patrícia Rubini, que também é de carreira do HRMS. As nomeações foram anunciadas nesta segunda-feira (4) pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.
Rosana Leite de Melo será empossada na quarta-feira (6) e terá como missão, conforme o Campo Grande News, reduzir os custos e aumentar a produtividade do hospital.
Em 2017, ela foi nomeada como diretor da divisão de Desenvolvimento da Educação em Saúde do Ministério da Educação e foi coordenadora-geral de Residências em Saúde até agosto deste ano.
O secretário não esconde que o objetivo é repassar a gestão do Hospital Regional para uma organização social. Com orçamento anual de R$ 354 milhões, o contrato será uma bolada para quem ganhar a licitação, algo em torno de R$ 1,7 bilhão em cinco anos.