A senadora Soraya Thronicke (PSL) quer obrigar as emissoras de televisão a exibir o programa “Voz do Brasil” no horário nobre para divulgar as ações do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A polêmica proposta, de repetir na TV o programa de rádio instituído por Getúlio Vargas, fez a sul-mato-grossense bombar nas redes sociais e ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter desta sexta-feira.
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Em vídeo gravado para a rede social, Soraya diz que ouviu “o clamor da população brasileira” e apresentou o projeto de lei para obrigar as redes de televisão de canais abertos, que são concessões públicas, a veicularem o programa semelhante a “Voz do Brasil”, que ela definiu como “A Imagem do Brasil”.
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O programa de uma hora seria obrigatório e deveria ter uma hora de duração para veicular as ações do Poder Executivo, do Congresso Nacional e da Justiça. Conforme a parlamentar, todas as emissoras deveriam veicular no mesmo horário.
“Podemos assistir tudo o que o Governo vem fazendo pelo Brasil”, afirmou. Soraya explicou que não pode confiar em parte da mídia, fazendo alusão à TV Globo, acusada de fazer propaganda contra a administração de Bolsonaro.
O combate contra a emissora da família Marinho ficou maior após o Jornal Nacional divulgar, na terça-feira, que o acusado de matar a vereadora Mariele Franco (PSOL) teria ido ao condomínio e obteve aval do próprio Bolsonaro para entrar no local. O porteiro teria sido desmentido pelos fatos, conforme o Ministério Público, mas a informação só foi divulgada no dia seguinte.
“Assim como as rádios, que possuem concessão pública para operar no Brasil, são obrigadas a separar um espaço na programação para divulgar as ações do governo brasileiro, protocolei o PL “A imagem do Brasil” que determina que os canais de televisão façam o mesmo”, tuitou Soraya.
“O povo necessita saber o que (o presidente) está fazendo”, justificou-se a senadora, causando reações furiosas, de apoio e até críticas de aliados.
“Não concordo com a parlamentar. Mas como é em PROL ao Governo, vamo lá dar a opinião. Meu caro, saiba que no nosso interior do Amazonas, assim como em outros rincões do Brasil, a Voz do Brasil tem audiência. Certo!”, tuitou Elinaldo Amâncio.
“Faz sentido o projeto dela porque a Fantástica Fábrica de Factoides brasileira não funciona, então temos de levar os fatos ao público”, postou Paulo Mello.
No entanto, as críticas ao projeto foram contundentes. “Todo mundo sempre reclamou da hora do Brasil. É imposto desde os tempos de Getúlio (Vargas) e temos que engolir. Está mirando nas emissoras e acertando o povo, senadora”, comentou Rafael Bunese.
“Essa pobre senadora que quer obrigar a televisão brasileira a ter seu lado Coréia do Norte gosta tanto da ‘A Voz do Brasil’ que nem o nome correto desde programa obrigatório ela sabe: há décadas não existe mais ‘A Hora do Brasil’, Excelência”, escreveu o jornalista Ricardo Setti.
“Se não estou enganado, na Venezuela também tem um programa assim aos domingos bem nos moldes que essa senhora quer nos ‘obrigar’. Avisa ela que só assim ela vai se dar conta e fazer algo de bom que use nosso suado $ de contribuinte”, postou Cláudio da Matta.
“Engraçado, se ela não fizesse parte do atual governo, não estarei (estaria) aí propondo tal idiotice. A lei só é bem-vinda porque beneficia o governo que ela apoia. Assim que terminasse o mandato dele, ela proporia acabar com a lei”, anotou Sidney Stocco.
A proposta de Soraya precisará ser aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados e depois ser sancionada por Bolsonaro.
O presidente insinuou, em vídeo divulgado nas redes sociais, que vai analisar com atenção a renovação da concessão da TV Globo, que vence em 2022. Ele disse que não fará perseguição, mas só a renovará se estiver tudo limpo.
A família Marinho tem cinco emissoras de televisão e a programação é reproduzida em todo o País por meio de afiliados, como a TV Morena, do Grupo Zahran.