Para minimizar a tragédia na saúde pública, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, decidiu contar os mortos no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian. Nos últimos dez anos, 12.929 pacientes morreram no estabelecimento hospital – número que supera a população de 35 dos 79 municípios sul-mato-grossense.
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O tucano decidiu apelar à estatística para acalmar parte da sociedade que ficou alarmada com a morte de 1.140 pacientes entre os dias 1º de fevereiro e 14 de outubro deste ano. O número também assustou o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, que mandou o Ministério Público Estadual investigar se as mortes são reflexo da gravíssima crise do HR, onde falta de quase tudo, desde remédios para os doentes até materiais para serem usados em cirurgia.
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Tranquilo com os números, como todo político, Resende divulgou nota para destacar que as mortes estão dentro da média histórica dos últimos nove anos, que registraram 11.799 óbitos. Para quem acompanha o drama da população, a situação é estarrecedora, porque o poder público não trabalha para reduzir a tragédia.
“Não detectamos nenhum crescimento desproporcional nestes números”, frisou o secretário de Saúde. “Os números apresentados à Justiça estão dentro da série histórica do hospital. Em 2016 foram registrados 1.491 óbitos, em 2017 foram 1.436 e em 2018 foram 1.419”, pontuou, tentando se didático.
Como neste ano foram 1.140 mortes em nove meses, sem considerar janeiro, o total dos últimos dez anos supera 12.939. O número de pacientes, que morreram em uma década no HR, supera a população de Deodápolis (12.838) e outras 34 cidades de MS.
Sem conseguir a reeleição de deputado federal no ano passado, Resende retornou ao comando da Secretaria Estadual de Saúde, cargo que lhe garantiu projeção na gestão de Zeca do PT e a primeira eleição para a Câmara dos Deputados em 2002. No cargo, sem conseguir minimizar a situação, recorre as mesmas descobertas apresentadas em todas as ocasiões pelos responsáveis pela saúde pública.
“É determinação do Governo do Estado não recusar nenhum paciente, e por isso, o Regional recebe em seu pronto socorro, pacientes que muitas vezes estão com seu estado de saúde já bastante deteriorado ou mesmo em fase terminal, não apenas de Campo Grande, mas de todos os municípios do Estado, de outras unidades da federação e até de países vizinhos, como Paraguai e Bolívia”, justificou-se. A justificativa mais pareceu secretário voltado para atender os moradores apenas da Capital.
Para o tucano, os números de óbitos no HR estão dentro dos índices apresentados por outros hospitais, como Santa Casa e HU. Em dez anos, a Santa Casa teria contabilizado 14.344 óbitos, segundo o Governo do Estado.
Aliás, o maior hospital da Capital voltou a alardear crise nesta terça-feira (29). O presidente da Associação Beneficente, Esacheu Nascimento, anunciou a suspensão das cirurgias eletivas devido ao atraso no repasse pelo município de Campo Grande. O estoque de medicamentos é suficiente para uma semana e os médicos estão com salários atrasados.
O serviço de hemodinâmica do HR foi retomado parcialmente no último dia 15 depois de ficar suspenso por mais de mês. A Justiça tinha concedido liminar no início do ano para obrigar o Governo a comprar remédios para atender os pacientes internados no HR.
Obrigado a pagar os impostos em dia, o contribuinte não tem a quem recorrer quando as autoridades estão mais preocupadas em encontrar justificativas do que melhorar a prestação do serviço.
Para o secretário estadual de Saúde, a situação está melhorando. Ele citou, por meio da assessoria, aumento dos recursos mensais investigados no hospital, regularização de grande parte dos estoques de materiais, insumos, órteses/próteses, reagentes e equipamentos de cardiologia, hemodinâmica e biópsia, entre outras melhorias. Só faltou repetir a informação repassada à Justiça e divulgada na audiência pública na Assembleia Legislativa, de que para gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), a solução do HR passa pela gestão terceirizada e redução no custo da instituição.