Na fuga desesperada de Jamil Name Filho, o Guri, 42 anos, acusado de chefiar o grupo de extermínio, o empresário José Carlos de Oliveira acabou sendo localizado pela polícia na manhã desta sexta-feira (25) para esclarecer alguns pontos levantados na Operação Omertà. Em depoimento ao Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), ele contou que perdeu R$ 3,9 milhões, o patrimônio construído em quatro décadas, em decorrência de empréstimo de, no máximo, R$ 400 mil ao longo de 2014 e 2016.
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“Fomos sucateados de corpo e alma, patrimonialmente, moralmente e emocionalmente”, relatou em vídeo gravado. Ele era dono da casa no Bairro Monte Líbano, onde estava o arsenal de guerra e teria sido vendida por R$ 850 mil aos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho em 2017.
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O enredo narrado pelo empresário é semelhante aos filmes de ação de Hollywood. Oliveira explicou que não denunciou os supostos crimes de extorsão e agiotagem porque a família Name sempre conviveu com as mais altas autoridades de todos os poderes no Estado.
Após ser intimado pelo Garras para explicar o negócio com os Names, ele teve outro problema: não encontrava nenhum advogado disposto a defende-lo. A solução veio por meio de um amigo, que indicou o advogado Rhiad Abdulahad para acompanha-lo na manhã de hoje no depoimento.
O pesadelo do empresário do setor capitais e construtor de casas na Capital começou após obter empréstimo de R$ 80 mil de Jamil Name Filho. Mesmo pagando todo mês juros de 6% a 15% desde 2014, Oliveira viu a dívida se acumulando. O montante chegou a R$ 1 milhão no início de 2016. Ele diz que a dívida teve acréscimo de R$ 350 mil em 60 dias.
No total, José Carlos Oliveira teria obtido em torno de R$ 400 mil de Guri. Para quitar o débito milionário, ele diz que foi obrigado a dar imóvel de 9 mil metros quadrados na Avenida Guaicurus, avaliado em R$ 2,7 milhões, e a casa do Bairro Monte Líbano. O último imóvel valia R$ 1,2 milhão, mas acabou sendo vendido por R$ 850 mil.
Em todas as ocasiões, Jamilzinho o recebia com seguranças armados e sempre o intimidando, ameaçando. O empresário contou que em uma oportunidade foi obrigado a se deslocar até um hotel em São Paulo para atender Jamilzinho.
De acordo com o advogado Rhiad Abdulahad, após pegar a casa de Oliveira, Jamilzinho o chamou e o “expulsou” de Campo Grande. Desde esse dia, ele passou a morar em São Paulo. “Ele ordenou que eu sumisse e que fosse embora do Estado. Disse que não faria nada com a minha família. Acabei com a minha vida, com a minha saúde. Não posso sair de casa, vinha visitar minha família escondido”, afirmou, conforme o TopMídiaNews.
No vídeo de 12 minutos, José Carlos de Oliveira faz desabafo emocionado sobre a situação da família. “Perdemos todo o patrimônio construído em 38, 40 anos”, lamentou-se.
“Fomos sucateados de corpo e alma, patrimonialmente, moralmente e emocionalmente”, enfatizou. “Ele (Jamilzinho) nos levou tudo. Não temos nem o nome limpo, perdemos linha de crédito”, afirmou.
“Estamos vivendo situação de extrema necessidade”, revelou, emocionado. Na esperança de se livrar das dívidas e das ameaças, ele também chegou a pedir dinheiro emprestado para familiares e amigos.
Ao deixar o Garras no final da manhã, o empresário encontrou o capitão Paulo Roberto Teixeira Xavier, da Polícia Militar, que teve o filho, o universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, executado por engano pelo grupo de extermínio, conforme a polícia e o Gaeco.
Eles se abraçaram e choraram bastante diante dos jornalistas.
“Queria um pouco de Justiça, não tenho mais vida, já perdi até a saúde. Se for preciso entregar a minha vida para que isso pare, eu vou entregar, para que meus filhos consigam andar em paz nessa cidade”, concluiu Oliveira.
Jamil Name e Jamil Name Filho estão em cela isolada na Penitenciária Federal de Campo Grande. Eles devem ser transferidos para a penitenciária de Mossoró (RN). O Gaeco acusa eles de serem os chefes do grupo de extermínio, que teria praticado várias execuções nos últimos anos na Capital.
Outro motivo para isolar os supostos líderes é que eles estariam tramando o assassinato do delegado Fábio Peró, do Garras, que conduziu as investigações que levaram 20 integrantes da organização criminosa à prisão.
A defesa nega os crimes e aponta falta de provas do suposto grupo de extermínio. Renê Siufi ressalta a residência fixa, os bons antecedentes e ocupação fixa dos empresários.
O criminalista não convocou os “amigos”, mas o Gaeco anexou fotos da coluna social de Jamil Name, na festa dos 80 anos, ao lado das mais insuspeitas e poderosas autoridades do município e do Estado.
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