Quatro anos depois do maior escândalo da cidade, que levou à cassação de oito dos 11 vereadores, a Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo voltou a ignorar a população e aprovou, diante de vaias e protestos, o reajuste de 28% nos salários do prefeito, dos secretários e dos parlamentares. Com a decisão, Paulo Tucura (MDB), que não consegue resolver os mais graves problemas do município, passará a ter salário equivalente ao prefeito da Capital. O novo salário entra em vigor em 2021 e contemplará o atual perfeito, se for reeleito ou o sucessor.
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Com cartazes improvisados, a população lotou o plenário para protestar contra o reajuste na noite desta terça-feira (23). No entanto, o presidente do legislativo, Paulo Pax (PL), ignorou os eleitores e pautou o projeto. O placar da vergonha se repetiu, com seis votos a favor, quatro contra e uma omissão.
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Além do presidente, o reajuste teve o apoio dos vereadores Paulo Pax, Boca de Lata e Lourenço Vidraceiro, do PL; Robertão e Paulo Machado, do MDB; e Luiz do Sindicato (PTB). A vereadora Sônia Passos (PSDB) se omitiu pela segunda vez e não participou da votação, de acordo com o site Riopardonews.
Votaram contra os vereadores Nayara Pereira (PSB), Anderson Arry, Lucy Duarte e Fabiana Galvão, do Patriotas. Esta última faz parte da Mesa Diretora, que propôs o reajuste. No entanto, a vereadora informou, por meio da assessoria de imprensa, que foi contra o aumento. A procuradoria jurídica contestou e garantiu que ela propôs o reajuste parcelado.
Os moradores tentaram ser ouvidos pelos supostos representantes do povo, mas foram solenemente ignorados. Eles levaram cartazes com frases “Reajuste Não!”, “28% NÃO!”, “Queremos emprego, não queremos reajuste!”, “Deveria na verdade, reajustar a vergonha por este ano”, “Quem não fiscaliza, não pode ter aumento”, “Reajuste é imoral par quem nada faz!”, etc.
Com o reajuste fora de hora, o salário do prefeito de Ribas do Rio Pardo passará de R$ 15.563,05 para R$ 19.920.70 em 2021. Apesar da cidade ter 24,6 mil habitantes, Tucura passará a ter vencimento equivalente ao do prefeito Marquinhos Trad (PSD), que recebe R$ 20.412,42 e administra orçamento 43 vezes maior.
O emedebista terá salário 43% superior ao da prefeita Délia Razuk (PTB), de Dourados, segunda maior cidade do Estado e com mais de 200 mil habitantes.
Além de tudo, Ribas do Rio Pardo não está alheia à crise econômica que assola o Brasil. O prefeito não consegue nem solucionar os buracos nas ruas da cidade, segundo os moradores. Eles ainda reclamam da falta de remédio nos postos de saúde e de médicos no hospital.
O subsídio do vice-prefeito passará de R$ 7.781,52 para R$ 9.960,34, dos secretários de R$ 5.738,52 para R$ 7.370,64 e dos vereadores, os responsáveis pela façanha, de R$ 5.900,00 para R$ 7.552.
O reajuste entra em vigor em 2021. O projeto foi votado com mais de um ano de antecedência porque os parlamentares e o prefeito apostam na famosa lenda de que o brasileiro tem memória curta e todos esquecerão o aumento de 28% nas eleições de 2020.
O povo de Ribas do Rio Pardo terá a oportunidade de colocar o ditado popular a prova: o brasileiro tem memória curta?