Acusado de corrupção e afastado do cargo desde novembro do ano passado, o juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior continua recebendo salário normalmente de R$ 38,7 mil por mês. Nos últimos dez meses, ele acumulou R$ 442,6 mil em vencimentos, valor que trabalhador comum levaria 35 anos e três meses com apenas um salário mínimo por mês.
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Nesta sexta-feira (18), o magistrado foi alvo da Operação Espada da Justiça, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado). Conforme despacho do desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques, ele é investigado por cobrar R$ 250 mil para autorizar a venda de uma propriedade rural.
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Em outra denúncia, Silva Júnior teria cobrado R$ 34 mil para homologar um acordo de partilha. Ele ainda teria oferecido dinheiro e até enviado homens armados para coagir testemunha. O advogado teria sido ameaçado para mudar o depoimento, isentando Aldo e culpando outro magistrado pelo crime.
O magistrado foi afastado em novembro do ano passado após a abertura de procedimento administrativo pelo Tribunal de Justiça para apurar suspeita de corrupção na 5ª Vara de Família e Sucessões. Ele também é investigado pelo golpe de R$ 5,3 milhões aplicado pela mulher, a advogado Emmanuelle Alves Ferreira da Silva. Ela chegou a ficar presa e usa tornozeleira eletrônica.
Só que como prevê a legislação brasileira, o juiz está afastado do cargo e não trabalha desde o dia 28 de novembro do ano passado. Apesar disso, ele continua recebendo integralmente o salário de R$ 38.742,48, que teve reajuste de 16,37% em dezembro do ano passado.
De acordo com o Portal da Transparência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do TJMS, de dezembro até setembro deste ano, o magistrado recebeu R$ 422.659,40 em salários. O maior montante foi recebido em dezembro, quando foram R$ 73,9 mil em créditos.
A situação do magistrado deverá mudar pouco em caso de punição pelos crimes de corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Pela legislação, ele pode ser aposentado compulsoriamente com o vencimento base.
Conforme o MPE, Aldo Ferreira da Silva Júnior usava a sogra, o pai e uma revendedora de veículos para ocultar o dinheiro supostamente obtido por meio de vantagens indevidas.
O TJMS autorizou mandados de busca e apreensão contra o magistrado, seu pai, sua sogra, o advogado Wilson Tavares Lima e os empresários Pedro André Scaff e Jesus Silva Dias. O Gaeco obteve aval para apreender computadores, notebooks, telefones celulares, dinheiro, documentos, entre outros.
Além disso, o desembargador determinou a intimação para depoimento de Vanja Maria Alves (sogra), Renata Auxiliadora Miranda e Jorge, Maria Elisa Hindo Dittmar, Mário Márcio Yule, Zouhan Gorgis Admour, Mauro Nascimento de Moraes, Hélio Yshiyama Corrêa, Robson Monteiro Padial e Alfredo Marcondes Gimenez.
A esposa de Aldo, Emmanuelle Alves aguarda sentença da juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande.