A Justiça determinou a transferência dos empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42, para o Presídio Federal de Campo Grande para frear a suposta vingança contra os envolvidos na Operação Omertà. Houve “clamor” dos órgãos de segurança para que o octogenário fosse incluído no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), o mais rigoroso do sistema prisional brasileiro, onde permanecerá isolado até do filho, sem direito a banho de sol coletivo e contato restritíssimo ao mundo externo.
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Conforme a denúncia, no Centro de Triagem Anísio Lima, na famosa cela 17, os chefes do grupo de extermínio planejavam a execução do delegado Fábio Peró, titular do Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestro).
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A suposta vingança foi reportada à Justiça pelo Garras, pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado) e pela Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário). Todos os órgãos, inclusive a promotora Paula Volpe, pediram a transferência dos empresários e dos policiais civis Márcio Cavalcante da Silva e Vlademilson Daniel Olmedo.
O motivo para a transferência do guarda municipal Marcelo Rios, 42, para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), foi o oposto. As autoridades temiam que ele fosse executado dentro do presídio. Ele poderia ser morto como parte da estratégia da organização criminosa de queimar arquivo.
A influência e o poder econômico da suposta organização criminosa também pesaram na decisão judicial de isolar Jamil Name pai e filho. O juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da 1ª Vara de Execução Penal, destacou na concessão da liminar que o objetivo era “evitar mais violência em Mato Grosso do Sul, com risco de novos crimes graves violentos”.
O Gaeco frisou no pedido que o grupo continuou agindo mesmo sendo público e notório que a Polícia Civil montou uma força-tarefa para desvendar as execuções em Campo Grande. As investigações começaram em outubro de 2018, mas a milícia matou o universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, que acabou sendo executado no lugar do pai, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier.
Os promotores citaram, ainda, o “tom ameaçador” de Jamil Name durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na mansão no Residencial Bela Vista. Ao sair da casa, preso, o empresário teria gritado que “o jogo só está começando”.
A frase de Jamil Name Filho, de que haveria a “maior matança de MS, de picolezeiro a governador”, também foi usada no pedido para incluir os empresários no mais severo regime prisional brasileiro.
“A situação já era gravíssima e agora, com suspeita de ataque contra agentes de Estado, como vingança pelas prisões, reforçam o cabimento da inclusão no sistema penitenciário federal, com controle de visitas, mais limitações de acesso ao mundo externo, sem contar o funcionamento de celulares, que ocorre nos presídios estaduais de Mato Grosso do Sul”, destacou o Gaeco.
O Campo Grande News informou, nesta segunda-feira (14), que os quatro podem ser transferidos para a Penitenciária Federal de Mossoró, a 3.239 quilômetros de Campo Grande. Os advogados serão obrigados a se deslocar de avião para conversar com os acusados de integrar a milícia e não poderão fazer a visita a qualquer hora e dia da semana, como ocorria no Centro de Triagem.
A esperança dos integrantes do grupo de extermínio está na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que julgará os pedidos de habeas corpus. O advogado Renê Siufi argumenta que Jamil Name tem 80 anos de idade, vários problemas de saúde e precisa de acompanhamento médico especial.
Isolado e sem a companhia do filho, o empresário será obrigado a receber acompanhamento médico da equipe do Presídio Federal.
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