Oiketicus, Nepsis, Trunk, Teçá, Ave Maria. A sequência de operações, deflagradas desde maio do ano passado, só faz engrossar o número de policiais que se renderam à Máfia do Cigarro em Mato Grosso do Sul. A ofensiva, que vem do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), PF (Polícia Federal) e Corregedoria da PM (Polícia Militar), já resultou em prisões e condenações, contudo, não parece suficiente para dissuadir quem recebe propina e faz vista grossa à circulação do cigarro contrabandeado do Paraguai.
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Tido como um crime menor, que em tese estaria relacionado apenas a aspecto tributário, o contrabando segue atraindo os policiais. Na quinta-feira (dia 26), foram seis prisões preventivas na operação Ave Maria, batizada com expressão religiosa que ilustra a bandeira de Sidrolândia, município a 71 quilômetros de Campo Grande e rota do produto ilegal. As ordens de prisão e de busca e apreensão foram cumpridas na Capital e em Sidrolândia, a pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Os policiais são suspeitos de facilitar a passagem de cigarro e agrotóxico.
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Entre 31 de julho e oito de agosto deste ano, duas operações da Polícia Federal – Trunk e Teçá – prenderam policiais rodoviários federais suspeitos de facilitarem a circulação do cigarro contrabandeado. Na Trunk, decisão da 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande classifica a organização criminosa como “extremamente empenhado na corrupção de agentes públicos” . Interceptação telefônica cita depósito de R$ 30 mil na conta de um dos integrantes do esquema. O valor era para liberar carga apreendida em Sidrolândia.
O documento detalha que a organização criminosa era estruturada em cinco núcleos, sendo um destinado à corrupção de policiais, com indícios veementes de envolvimento de policiais militares.
O grupo é acusado de contrabandear R$ 70 milhões em cigarros do Paraguai para São Paulo e a região Nordeste.
No ano passado, a Oiketicus (inseto conhecido como bicho cigarreiro), realizada pelo Gaeco, resultou na condenação de vários policiais, incluindo três oficiais, por participação na Máfia do Cigarro.
Segundo a investigação, a remuneração para os policiais variava de R$ 2 mil por mês a R$ 100 mil. O ponto alto da Oiketicus foi a rapidez da Justiça Militar. A operação aconteceu em maio do ano passado, sendo as condenações no mês de dezembro, ou seja, foram apenas sete meses.