O Governo de Santa Catarina festejou a economia de R$ 4,5 milhões por ano com a venda do jato velho para Mato Grosso do Sul – o “estado rico” que impõe sacrifícios aos servidores públicos, reduz salário de professores, corta bolsa dos mais pobres e não tem dinheiro para comprar remédios nos hospitais.
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Além de pagar R$ 3,2 milhões pela aeronave Cessna Citation II 550, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) terá nova despesa anual de R$ 4,5 milhões com a manutenção e viagens no jatinho. Graças a venda do avião, o governador catarinense Carlos Moisés (PSL) reduziu os gastos com viagens aéreas para somente R$ 200 mil por ano.
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Outra grande diferença entre o tucano e o pesselista ocorreu no tratamento dado aos professores contratados sem concurso público. Em Mato Grosso do Sul, o Governo reduziu em 32,5% os salários de 9 mil docentes em julho deste ano. Em SC, 57% dos 40 mil professores são temporários, mas tiveram reajuste de 4,17% neste ano.
Os docentes catarinenses efetivos também não tiveram reajuste. De acordo como secretário geral do Sindicato dos Professores de Santa Catarina, Sandro Luiz Cifuentes, apesar do reajuste ter sido acima da inflação, os 22,8 mil profissionais recebem o piso nacional de R$ 2.557,94 para 40h.
O jatinho será entregue ao Governo de MS em outubro, após o pagamento da primeira das quatro parcelas de R$ 805,8 mil. O contrato oficializando a venda foi publicado ontem no Diário Oficial de Santa Catarina.
“Diminuímos 95% das despesas ao suar voos comerciais. O governo chegou a gastar, nas gestões anteriores, até R$ 6 milhões por ano. Até o fim deste ano não vamos gastar nem R$ 200 mil”, afirmou Carlos Moisés.
“O transporte aéreo é importante, porque um governador precisa participar de reuniões fora do estado, mas é preciso fazer isso da forma mais econômica possível. O governador pode voar como as outras pessoas fazem”, ressaltou o catarinense, que não deve ter problemas em encontrar seus eleitores nos aeroportos nem foi alvo de nenhuma operação da Polícia Federal.
“É uma economia que pode estar na saúde, na educação, na infraestrutura e na segurança”, ensinou. “Mesmo sem utilização, o custo operacional para a manutenção do jato é alto. Então, a venda da aeronave é uma grande conquista para o governo (de SC). Soma-se a isso o fato de o governador não ter usado nenhuma vez este avião, reduzindo drasticamente os custos com viagens”, ressaltou o chefe da Casa Civil, Douglas Borba.
Mesmo que o governador Reinaldo Azambuja decida não usar o avião, o Estado passa a ter um novo gasto mensal de R$ 120 mil, apenas com a manutenção. Caso utilize normalmente, o gasto será de R$ 389 mil por mês – R$ 4,6 milhões por ano, conforme estimativa de Santa Catarina.
Fabricado há 30 anos, em 1989, o jato tem capacidade para nove pessoas, sendo dois tripulantes e sete passageiros. Só com combustível, gastará R$ 1 milhão por ano.
O jatinho será um presente para o Estado de Mato Grosso do Sul, já que será entregue no início de outubro deste ano, quando se comemora 41 anos da divisão do Mato Grosso.
Apesar de ter R$ 7,7 milhões para gastar com o novo jatinho velho, Reinaldo alegou falta de dinheiro para não conceder reajuste salarial neste ano aos 75 mil funcionários públicos estaduais.
Em abril deste ano, o tucano anunciou a exclusão de 22 mil das 45 mil famílias do Vale Renda. Quase 100 mil pobres ficaram sem a ajuda de custo mensal de R$ 180.
No primeiro semestre, o Ministério Público Estadual se viu obrigado a ingressar com ação na Justiça para obrigar o Governo do Estado a repor o estoque de remédios, pasmem, para atender os pacientes internados no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian.
A falta de dinheiro impede a unidade de ativar cinco leitos novos de UTI, que estão estocados em caixas porque não há recurso para contratar servidores.
Além da redução de 32,5% nos salários dos professores convocados, Reinaldo ainda lançou o PDV (Programa de Demissão Voluntária), que será pago em até 12 parcelas, e ampliou a jornada de trabalho dos servidores de seis para oito horas sem pagar vale transporte nem oferecer almoço, como existia anteriormente.
Só não faltou dinheiro para comprar o jatinho. Aliás, Santa Catarina vai leiloar outro avião, o Carajá de 1983, por US$ 494 mil – R$ 2 milhões. Graças a Deus, Reinaldo não quis comprar outra sucata.