Um dos sócios do frigorífico Buriti Comércio de Carnes, que foi acusado de emitir R$ 12,9 milhões em notas fiscais frias para legalizar a propina paga ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), permaneceu três horas na Polícia Federal. No entanto, conforme o Midiamax, ele disse que foi ao local para tirar o passaporter.
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A coincidência é que o empresário foi o recordista em emissão de notas frias, conforme a delação da JBS, base da Operação Vostok. Ele chegou à Superintendência da Polícia Federal acompanhado por dois advogados no mesmo dia em que uma força-tarefa de delegados de Brasília está ouvindo 110 testemunhas e investigados de integrar a organização criminosa, que causou prejuízo de R$ 207,7 milhões aos cofres estaduais.
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O ex-coordenador regional do Governo, Zelito Alves Ribeiro, acusado de emitir R$ 1,758 milhão em notas, prestou depoimento por uma hora e saiu acompanhado pela advogada sem dar entrevista.
O empresário João Roberto Baird, o Bill Gates Pantaneiro, também foi ouvido. Ele é réu na Operação Lama Asfáltica por lavagem de dinheiro e também por integrar o esquema de pagamento de propina pela JBS ao ex-governador André Puccinelli (MDB). Conforme a denúncia, que foi transferida da 3ª Vara Federal de Campo Grande para a 2ª Vara Criminal, ele emitiu notas para viabilizar o pagamento de R$ 22,5 milhões em propinas ao emedebista.
No período da manhã, os delegados ouviram outros acusados de integrar o esquema, como o primeiro secretário da Assembleia Legislativa, Zé Teixeira (DEM), e o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, que também é delator na Operação Lama Asfáltica.
O depoimento mais demorado foi do dono do Buriti, de Aquidauana, que demorou o triplo do tempo dos demais ouvidos na investigação. Conforme a delação da JBS, a empresa emitiu R$ 12,9 milhões em notas falsas para justificar o pagamento de propina.
Conforme a denúncia, pecuaristas e empresas emitiam notas para justificar a saída do dinheiro do frigorífico, já que não havia boi no negócio. O ex-secretário estadual de Fazenda e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Monteiro, foi ouvido na tarde de ontem.
Como parte da estratégia da defesa dos réus, o Campo Grande News destacou que não houve novidade nas perguntas, já que todas faziam referência a compra de gado.
A Polícia Federal deve concluir o inquérito 1.190, que apura o envolvimento do governador Reinaldo Azambuja no suposto esquema criminoso. De acordo com os delatores, ele exigia de 20% a 30% do valor da isenção fiscal. A propina era paga em dinheiro vivo, doações eleitorais e notas frias.
O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, determinou o bloqueio de R$ 277 milhões do governador, da esposa e dos três filhos no ano passado. Como o processo tramita em sigilo, não há informação se o bloqueio continua ou foi suspenso.
A corte é famosa pela morosidade dos processos. Há o risco de Reinaldo concluir o segundo mandato, para o qual foi empossado neste ano, sem ser julgado pela Corte Especial.
André Puccinelli já enfrentou o plenário da corte e acabou sendo salvo pelos deputados estaduais, que na ocasião tinha prerrogativa de vetar a investigação. Graças a Deus, esse mecanismo não existe mais, mas a demora do STJ em analisar os casos ainda persiste.
A Operação Uragano, que investigou o envolvimento de desembargadores, deputados e Puccinelli com o pagamento de propina pela Assembleia, tramitou por nove anos no STJ. Somente no início deste ano, os ministros analisaram o inquérito 704. Eles absolveram o desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte e decidiram encaminhar a Justiça estadual a investigação contra o presidente regional do MDB e os conselheiros do TCE, Jerson Domingos e Osmar Domingues Jeronymo.