A maioria absoluta dos vereadores ignorou a pressão popular e as denúncias de improbidade administrativa para votar contra a cassação do prefeito Arlei Silva Barbosa (MDB). Por 8 a 3, a Câmara rejeitou o relatório da Comissão Processante, que recomendava a perda do mandato por não cumprir a Lei 8.666, que regula as licitações, e por irregularidade na emissão do cheque de R$ 6.168.
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Arlei mostrou habilidade política para impor derrota ao presidente municipal do próprio partido, o vereador Renilson César da Silva (MDB), que presidiu a Comissão Processante. O parlamentar construiu relatório paralelo, já que o relator, vereador Edir Mesquista (PSB), emitiu parecer pela improcedência da denúncia por falta de provas.
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Renilson e Nélio Justen, o Professor Nélio (PDT), repetiram o voto a favor da cassação do mandato na sessão desta segunda-feira (26), durou 4h40 e foi marcada por tensão. O terceiro voto foi da vereadora Jane Barrios (PSDB), que teria relatado ameaças para mudar de posição e votar a favor do prefeito. Ela foi a mais votada nas eleições de 2016.
Além do relator da Comissão Processante, Arlei teve o voto dos dois vereadores do PT, Luciano da Pana e Paulo Puff. Caso o prefeito perdesse o mandato, o novo prefeito seria o petista Moisés Neres, atual vice-prefeito e tio de Luciano.
Também votaram contra a cassação os vereadores Sales do Posto (PPS), Israel Leiteiro (PSD), Vanderlei Bueno (PSDB), Sidcley Brasil (SD) e Rosângela Alves, a Aninha (PR).
O momento mais tenso foi troca de ofensas entre o presidente e o relator da Comissão Processante, respectivamente, Renilson César e Mesquita. Os vereadores chegaram a suspender a sessão por cinco minutos.
No retorno, o advogado André Puccinelli Júnior, que fez a defesa do prefeito, ameaçou denunciar Renilson para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por ter acusado Mesquita de ter apresentado um relatório produzido, ou seja, feito por outras pessoas.
Como o julgamento é político, os vereadores votaram contra a cassação de Arlei, que sai fortalecido do processo e poderá disputar o quarto mandato em 2020.
A polêmica começou com o cheque emitido pela prefeitura para pagar Marcelo Lino. Ele pediu para um amigo trocar no Banco do Brasil, mas a agência recusou porque a folha não era nominal. Francelino Ruis Machado desconfiou da história e encaminhou a história para o Ministério Público Estadual.
Como não houve punição um ano após a denúncia, ele passou a fazer campanha pela apuração da história pelo legislativo. A Câmara Municipal instalou a Comissão Processante, que concluiu os trabalhos neste mês.
O relator foi contra a cassação por falta de provas. No entanto, os outros dois integrantes fizeram relatório paralelo para pedir a cassação do prefeito, que encontrou no vereador do próprio partido, o MDB, o principal adversário.
Arlei era do PT quando foi prefeito por dois mandatos em Nova Alvorada, entre 2005 e 2011. Ele se filou ao MDB em decorrência do desgaste do Partido dos Trabalhadores, mas comanda o município com o apoio da sigla, que tem o vice-prefeito e dois vereadores.