Acuado por escândalos de corrupção e tendo um aliado como inimigo estratégico, o prefeito Arlei Silva Barbosa (MDB), de Nova Alvorada do Sul, corre o risco de perder o mandato na segunda-feira (26). A Comissão Processante votou, por 2 a 1, pela cassação do emedebista por não cumprir a Lei de Licitação e por irregularidades na emissão do cheque de R$ 6.168.
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Para aprovar a cassação, são necessários os votos de oito dos 11 vereadores. O principal problema de Arlei é que a tropa de choque para lhe apear do cargo é comandada pelo presidente municipal do MDB e da Comissão Processante, vereador Renilson César da Silva.
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O mais curioso ainda pode ser o desfecho da história. Em caso da cassação, o novo prefeito do município será Moisés Neres (PT). Arlei foi do PT nos dois mandatos anteriores como prefeito e trocou o partido pelo MDB em decorrência do desgaste da sigla em nível nacional.
Conforme relatório publicado no Diário Oficial, a Comissão Processante votou pela perda do cargo de prefeito. O relator, vereador Edir Mesquita (PSB), emitiu parecer pela insuficiência de provas e pela improcedência da denúncia.
No entanto, ele acabou sendo voto vencido, porque o presidente da comissão, Renilson César, e o outro integrante, Nélio Justen, o Professor Nélio (PDT), votaram pela procedência da denúncia e pela perda do cargo.
Nos últimos dias, eleitores insatisfeitos bombardearam os vereadores nas redes sociais para aprovar a cassação de Arlei. Como a eleição do próximo ano, muitos parlamentares podem sucumbir a pressão e mudar de lado.
O emedebista pode perder o cargo em decorrência da grave crise financeira que assola praticamente todas as cidades do Estado. Além da falta de recursos para obras de impacto na cidade, ele se viu obrigado a baixar decreto de contingência, restringindo ainda mais os gastos do município.
Toda a história começou com o cheque entregue por Marcelo Lino ao empresário Francelino Ruis Machado em 17 de agosto de 2017. A folha no valor de R$ 6,1 mil não era nominal. Desconfiado, ele procurou o “amigo” e este colocou seu o nome no cheque. Pressionado a fazer o favor, ele voltou ao banco, trocou o cheque e entregou o dinheiro para Lino.
Só que antes de fazer tudo isso, Francelino tirou uma fotografia do cheque. Após analisar a situação e temer ser responsabilizado por crime que não cometeu, ele procurou o Ministério Público para denunciar a irregularidade.
Neste ano, o empresário colocou o cheque nas ruas para pressionar os vereadores a investigarem o prefeito. Pressionados, o legislativo criou a Comissão Processante, que ganhou força com o apoio dos aliados de Arlei e agora, o dia decisivo será na próxima segunda-feira.
A defesa do prefeito poderá contar com o reforço do ex-governador André Puccinelli (MDB), já que seu filho, André Puccinelli Júnior é o advogado de Arlei.
Este não é o único problema. No final do ano passado, a Justiça Federal de Dourados bloqueou os bens do prefeito, junto com o antecessor, Juvenal Neto (PSDB), em decorrência do escândalo da farinha.
Outra ação que envolve o prefeito é irregularidade no assentamento do Incra no município, que teve vários lotes interditados pela Justiça.