O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou a suspensão dos radares móveis nas rodovias federais a partir da próxima segunda-feira (19). A medida desfalcará a PRF (Polícia Rodoviária Federal), que conta com o equipamento para aplicar multas por excesso de velocidade. O Governo estuda não renovar os contratos para desativar os fixos, que são 51 só na BR-163, em Mato Grosso do Sul.
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O vereador André Salineiro (PSDB) não só elogiou o presidente pela polêmica medida, como pediu que Campo Grande siga o exemplo e suspenda a utilização dos radares pelos agentes municipais de trânsito. “Radar móvel é uma covardia”, acusou o tucano.
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De acordo com o decreto de Bolsonaro, publicado nesta quinta-feira (15), os radares portáveis, móveis e estáticos se tornaram meramente arrecadatórios de multas, desvirtuando o caráter educativo e para reduzir acidentes nas rodovias federais.
Como nova política do Governo federal, de centralizar informações, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) não se manifestaram sobre o alcance da polêmica decisão.
Em fevereiro deste ano, a superintendência regional da PRF informou que só na BR-163 eram 51 radares fixos, sendo 38 da CCR MS Via, e cinco portáveis. Graças aos equipamentos, a 70% das multas aplicadas pelos policiais rodoviários federais no Carnaval deste ano foram graças aos radares móveis – das 6.840 multas aplicadas, 4.752 foram por excesso de velocidade.
A ativação dos novos equipamentos fez com que o número de multas por abuso de velocidade mais que dobrassem na Operação Corpus Christi deste ano, com 2.573 infrações, contra 1.318 no ano passado.
Em fevereiro, o superintendente da PRF no Estado, Luiz Alexandre Gomes da Silva, defendeu o uso da fiscalização eletrônica como fundamental para a redução de acidentes e mortes. “Os radares têm sido importantes aliados na redução de números de acidentes e mortes em nossas rodovias, diminuindo uma parcela da quantidade total, mas principalmente sua letalidade que decorre do excesso de velocidade”, afirmou.
André Salineiro não só comemorou a medida de Bolsonaro, como cobrou que ela seja adotada na Capital. “Além de pagar impostos altíssimos, (o cidadão) financia o poder público através das multas”, afirmou.
Ele classificou a utilização de radares móveis como “a verdadeira indústria da multa”. Em dez dias, conforme o parlamentar, foram aplicados mais de 11 mil multas na Capital.
Salineiro destacou que vias de trânsito rápido, como as avenidas Duque de Caxias e Euller de Azevedo, nas saídas da Capital, possuem limite máximo de velocidade de 50 quilômetros por hora, mas quase ninguém trafega neste ritmo. Isso acaba tornando os locais propícios para a aplicação de multas em série.
Para o vereador, o ideal é o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) analisar o decreto presidencial e regular a medida em todo o país.
Especialistas e autoridades no trânsito veem com preocupação a suspensão dos radares, principalmente, porque o excesso de velocidade é uma das principais causas de mortes em acidentes de trânsito.
Bolsonaro e seus seguidores avaliam que os equipamentos de fiscalização eletrônica são usados para arrecadar dinheiro por meio de aplicação de multas por excesso de velocidade, sem caráter educativo.