O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi desmentido pela divulgação de novas conversas no Telegram ao responder uma pergunta feita pelo senador Nelsinho Trad (PSD). Em depoimento de nove horas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, na quarta-feira (18), ele garantiu que não interferiu na troca de procuradores da Lava Jato.
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No entanto, conforme conversas divulgadas pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da Band News FM (veja aqui), o então juiz reprovou o desempenho da procuradora Laura Tessler e recomendou a sua substituição no interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O questionamento feito por Nelsinho ganhou destaque na mídia nacional nesta quinta-feira. O senador sul-mato-grossense questionou o ministro se ele “participou da orientação de troca de agentes protagonistas nessa operação”.
Ao responder ao senador Nelsinho Trad, Moro assegurou que não solicitou nem interferiu na investigação. “Senador, pelo teor das mensagens, se elas forem autênticas, não tem nada de anormal nessas comunicações”, respondeu.
“Eu não me recordo especificamente dessa mensagem, mas o que consta no caso divulgado pelo site é uma referência de que determinado procurador da República não tinha o desempenho muito bom em audiência e para dar uns conselhos para melhorar. Em nenhum momento no texto, há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências e atos processuais, até hoje, dentro da operação Lava Jato (…). Se aconteceu, de fato, não tem nada de ilícito. Não estou comandando a força-tarefa da Lava Jato”, afirmou o ministro.
Só que os novos vazamentos mostram o então juiz da Lava Jato em Curitiba reclamando do desempenho de Laura ao procurador Deltan Dallagnol. “Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem”, aconselhou Moro, conforme novos trechos divulgados ontem.
Em seguida, Deltan encaminha a mensagem para o colega, procurador Carlos Fernando e os dois decidem tirar a procuradora do depoimento de Lula. Eles enviaram os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon.
Nas mensagens, Deltan deixa claro a irregularidade e repete mais de uma vez para o colega apagá-la imediatamente. Para Reinaldo de Azevedo, que divulgou os trechos da conversas obtidas pelo The Intercept Brasil, a troca só ocorreu porque foi recomendada por Moro.
“Como se nota acima, Dallagnol repassa a mensagem de Moro para Carlos Fernando. Mais do que isso: ele demonstra a disposição de mexer na escala dos procuradores para enviar para a audiência com Lula pessoas que estejam ao gosto do juiz. Ora, Moro não sugeriu ou ordenou a troca explicitamente. Mas a interferência é evidente, e a sugestão estava dada”, concluiu o jornalista.
Para o blogueiro, Moro fraudou o Código de Ética da Magistratura e o Código de Processo Penal.
Por meio de nota divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, não reconheceu a autenticidade das mensagens. “Sobre suposta mensagem atribuída ao Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece-se que não se reconhece a autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso, que mesmo se autêntica nada tem de ilícita ou antiética. A suposta mensagem já havia sido divulgada semana passada, nada havendo de novo”, informou.
Ao Jornal Nacional, que também divulgou a pergunta de Nelsinho e os novos vazamentos, a Força-Tarefa da Lava Jato informou que não se manifestaria sobre o assunto.