O advogado Marcos Barbosa Pinto, pivô da queda do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Joaquim Levy, é natural de Amambai (MS). Após ser vetado publicadamente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), ele pediu demissão e destacou, na carta formalizando o desligamento, ter orgulho da carreira.
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Nomeado na quarta-feira (12) como diretor de Mercado de Capitais do BNDES, Marcos possui mestrado e doutorado em Direito, respectivamente, pela Universidade de Yale e USP (Universidade de São Paulo). Ele ainda é mestre em Economia e Finanças pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Ele foi sócio por sete anos de Armínio Fraga na Gávea Investimentos.
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A notoriedade começou na tarde de sábado com o veto público de Bolsonaro. Ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente deixou claro o veto ao sul-mato-grossense, que seria mais um a integrar administração federal. Os mais notáveis são os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Agricultura, Tereza Cristina.
“O Levy nomeou o Marcos Pinto para função no BNDES, já estou por aqui com o Levy”, surpreendeu o presidente. O motivo da ojeriza ao advogado: ele fez parte das administrações dos presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
“Falei para ele: demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo (Paulo) Guedes”, ameaçou. Imediatamente, jornais, sites e emissoras de televisão repercutiram o veto presidencial. O ministro da Economia não defendeu o presidente nem o diretor do BNDES.
Surpreso com a declaração de Bolsonaro, Marcos Barbosa Pinto, que começaria a trabalhar na segunda-feira (17), formalizou o pedido de demissão. “Escrevo para apresentar minha renúncia ao cargo de diretor do BNDES. É com pesar que entrego essa carta, logo após ter tomado posse, mas não quero continuar no cargo diante do descontentamento manifestado pelo presidente da República com minha nomeação”, destacou.
“Tenho muito orgulho da carreira que construí ao longo dos anos, seja no governo, seja na academia, seja no mercado financeiro”, concluiu. Marcos Pinto nasceu em Amambai, a 343 quilômetros da Capital, onde viveu até os 15 anos de idade. Ele é filho de Almiro Pinto Sobrinho, fundador do museu municipal.
Ex-presidente do Banco Central na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Armínio Fraga fez rasgados elogios ao advogado sul-mato-grossense. “É um profissional de mão cheia, uma pessoa do bem, que se pôs a disposição de um governo com o qual certamente não se alinha, mas para cumprir missão”, afirmou.
Marcos Barbosa Pinto ajudou o então ministro da Educação, Fernando Haddad, na elaboração do projeto de lei das PPPs (Parcerias Público-Privado) e do Prouni (Programa Universidade para Todos), que oferece bolsa para estudantes carentes e se tornou uma das vitrines das gestões petistas.
O ex-ministro e candidato a presidente derrotado por Bolsonaro no ano passado elogiou o advogado de MS. “Sua contribuição técnica foi inestimável para o sucesso destas iniciativas”, tuitou Haddad.
Marcos Pinto não é o primeiro a cair na atual gestão. O jornalista Francisco Vieira Garonce, que é formado pela UFMS e foi piloto da Base Aérea de Campo Grande, foi demitido no início do mês do cargo de diretor de Avaliação do Inep, responsável pela aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Pelo currículo e competência não faltará vaga para o sul-mato-grossense, que também já foi diretor de administração em multinacionais, como ALL (América Latina Logística) e Fibria.