As entidades sindicais e movimentos sociais levaram cerca de 15 mil pessoas – conforme a organização – na manifestação contra a Reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ampliam a pressão sobre os deputados e senadores. A Polícia Militar estimou em 4 mil pessoas. A greve conseguiu ter a adesão dos trabalhadores do transporte coletivo e dos professores das redes estadual e municipal.
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É maior a maior mobilização do ano na Capital, superando as duas realizadas pelos universitários contra cortes na educação (6 mil e 2 mil) e a realizada pelos apoiadores de Bolsonaro e do pacote anticrime de Sérgio Moro (3 mil).
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Ao conseguir reunir grande público no protesto, os sindicatos aumentam a pressão contra os oito deputados federais, principalmente, os quatro do meio campo: os três tucanos (Beto Pereira, Bia Cavassa e Rose Modesto) e o único do PSD, Fábio Trad.
Os outros quatro são votos decididos e consolidados. Vander Loubet (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT) vão votar contra a proposta do Governo. Loester Trutis e Luiz Ovando, o Dr. O Ovando, do PSL, são totalmente favoráveis ao projeto integral apresentado por Bolsonaro.
A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação) comandou a greve nas escolas públicas. Na Capital, apesar do feriadão de Santo Antônio, a entidade conseguiu mobilizar os administrativos e professores para participar do ato. Não houve greve, porque o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) decretaram ponto facultativo.
No interior, que não teve ponto facultativo, a entidade conseguiu a adesão de 90% das escolas estaduais e grande parte das municipais. O presidente da entidade, Jaime Teixeira, informou que 60 ônibus trouxeram cerca de 2,7 mil profissionais do interior para o protesto em Campo Grande.
Teixeira explica que o movimento mostrou força porque conseguiu unir todas as centrais sindicais e os movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra, que sempre atuam divididos e em dias diferentes.
“Ganhamos força diante do Governo para questionar esta reforma, com a qual não concordamos”, afirmou o coordenador da Força Sindical, Estevão Rocha.
Esta é a segunda manifestação contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro realizada no País. A primeira ocorreu no dia 22 de março deste ano e levou 10 mil pessoas às ruas da Capital.
Confira as manifestações do ano
22 de março | 10 mil pessoas contra a Reforma da Previdência |
15 de maio | 6 mil pessoas contra os cortes na educação |
26 de maio | 4 mil pessoas a favor da Reforma e do pacote anticrime |
30 de maio | 2 mil estudantes contra os cortes na educação |
14 de junho | 15 mil pessoas contra a Reforma da Previdência |
Fonte: Organização |
O movimento pode criar problemas adicionais para a articulação governista, que ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar o pacote proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele previa economizar R$ 1 trilhão em 10 anos.
Há consenso na Câmara para os pontos mais polêmicos, que já ficaram de fora do relatório apresentado na Comissão Especial, como as mudanças na aposentadoria rural, a desconstitucionalização, o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e a capitalização.
O relatório excluiu os estados e municípios, mas os deputados devem enfrentar pressão dos governadores e dos prefeitos para que revejam a medida.
Uma inovação positiva, que não constava da proposta inicial, é o fim da aposentadoria compulsória de juízes, que são premiados com salário integral no caso de condenação por algum crime. Caso não haja alteração, os magistrados perdem a regalia caso sejam julgados e condenados.
Apontada como necessária ao País pelo ministro e especialistas, a Reforma da Previdência é considerada perversa pelos dirigentes sindicais. “Eu não vejo a solução dos problemas do País com a reforma”, alertou o presidente da Fetems.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo, Santino Cândido Meira, o mercado não contrata profissionais com mais de 45 anos de idade para que ele tenha condições de contribuir com o INSS até os 65 anos de idade.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Genilson Duarte, diz que o Governo deveria cobrar as dívidas das grandes empresas e bancos e tomar outras medidas para ajustar as contas. “Só depois disso, aceitamos fazer a reforma que for necessária”, explicou. “Só não pode colocar a conta nas costas dos trabalhadores”, criticou.
Os defensores do Governo já começam a sinalizar que convocarão outra manifestação a favor da Reforma da Previdência, do pacote anticrime e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
O ex-juiz da Lava Jato vem sendo atacado após a divulgação das conversas pelo site Intercept Brasil, que colocam em xeque a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ato deverá ocorrer no dia 30 deste mês.