A greve geral contra a Reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) suspendeu as aulas em 90% das escolas estaduais e na maior parte das municipais. Os trabalhadores do transporte coletivo fizeram paralisação de quatro horas e surpreenderam milhares de passageiros na manhã desta sexta-feira na Capital. Servidores federais e trabalhadores da construção civil também suspenderam as atividades.
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É a segunda greve geral contra as mudanças na previdência. No ano passado, a paralisação protestou contra a proposta enviada ao Congresso pelo presidente Michel Temer (MDB). As duas mobilizações surpreenderam pelo impacto na Capital e ganharam visibilidade graças à suspensão do transporte de passageiros pelos ônibus urbanos. Desta vez não deve ter a adesão dos bancários, que suspenderam as atividades no dia 28 de abril do ano passado.
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De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo, Santino Cândido Meira, 100% da categoria cruzou os braços por quatro horas na manhã desta sexta-feira. Nenhum ônibus saiu das garagens, deixando cerca de 100 mil passageiros sem meio de locomoção até o trabalho ou como retornar para casa.
Jornais e emissoras de rádio pegaram relatos dos trabalhadores, que foram surpreendidos com a greve do transporte coletivo. Enquanto uns voltaram para casa, outros apelaram à carona ou aos aplicativos.
Os motoristas de ônibus já perderam a aposentadoria especial. Conforme Santino, a proposta de Bolsonaro é aposentadoria aos 65 anos de idade para homens, mas o mercado só contrata trabalhadores com até 45 anos de idade. Profissionais acima desta idade enfrentam dificuldade para encontrar emprego e vão ter dificuldade para cumprir as regras do Governo, de contribuir por 40 anos ou mais com a previdência.
A adesão à greve também foi expressiva entre os professores da rede estadual. De acordo com a Fetems (Federação do Trabalhadores em Educação), de 80% a 90% dos professores da rede estadual estão de braços cruzados. A maioria das escolas públicas municipais também aderiu ao movimento grevista.
Para o presidente da entidade, Jaime Teixeira, a greve ganhou visibilidade com a adesão do transporte coletivo. Apesar da paralisação ser contra a Reforma da Previdência, ele vê com bons olhos as emendas apresentadas por deputados, como Rose Modesto (PSDB) e de alguns governadores, a favor da manutenção da aposentadoria especial dos professores.
Os servidores públicos federais aderiram ao movimento. Na Capital, devido ao feriado de Santo Antônio, UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) declarou ponto facultativo e só deve manter os serviços essenciais.
Movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra se concentram na frente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
A greve geral e manifestação uniram todas as centrais sindicais do País. Além da Reforma da Previdência, o movimento é contra os cortes na educação e cobra política de combate ao desemprego, um problema de 13 milhões de brasileiros.