Com a revogação da prisão de quatro réus na Operação Lama Asfáltica, o ex-deputado federal Edson Giroto e o cunhado, o engenheiro Flávio Henrique Garcia Scrocchio, são os únicos que continuam presos. “Estou pagando preço muito caro”, afirmou o ex-secretário de Obras por quase duas décadas da Capital e do Estado.
Detido no Centro de Triagem Anízio Lima, ele não diz claramente, mas insinua que pode fazer delação premiada. Preso há um ano e 21 dias e réu em seis ações penais só na 3ª Vara Federal, onde prestou depoimento nesta terça-feira (28), ele diz que sabe de muitas histórias, está ficando velho e pode suceder à pressão.
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“Não é justo com um cara que trabalhou tanto”, lamentou Giroto. Ele se refere ao período em que foi secretário de Obras da Capital e do Estado, nos dois mandatos de André Puccinelli (MDB), e por dois anos na gestão de Nelsinho Trad (PSD). Na tarde de hoje, enquanto aguardava para ser ouvido pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, ele relembrou que trabalhava de segunda a segunda e dormia, no máximo, quatro horas por noite.
O ex-secretário falaria sobre a ocultação de R$ 4,385 milhões na compra da Fazenda Maravilha, que teria sido de dinheiro supostamente desviado dos cofres estaduais. Além dele, respondem a esta ação a família do chefe de obras da Agesul, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano – esposa Maria Helena Miranda de Oliveira, a filha, a médica Mariane Mariano de Oliveira Dornellas, e o genro o arquiteto João Pedro Dornellas – e o servidor João Afif Jorge.
É a primeira manifestação pública de Giroto desde o habeas corpus concedido pela 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Amorim e Beto Mariano deixaram a prisão na tarde de hoje. Mariane e Elza Cristina Araújo dos Santos, sócia da Proteco, tiveram a prisão domiciliar revogada.
O ex-secretário de Obras acredita que está “pagando o preço” do sistema político brasileiro, que considera podre. Ele avalia que a sua prisão não acabou com o esquema de caixa dois. “Só reforma política profunda”, defendeu.
Para Giroto, a manutenção da sua prisão prisão preventiva por mais de ano é forma moderna de “tortura psicológica”. “É contra a Constituição”, prega, repetindo discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de ano em Curitiba após ser condenado na Operação Lava Jato.
Ao ser obrigado a ficar detido na cela, sem ventilação e lotada, com 31 presos, sendo que sete dormem no chão, ele admite que “abala o psicológico”.
Ele defende que o cumprimento da pena só comece após a condenação em segunda instância. Aliás, ele considera que o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira foi “muito duro” ao estabelecer a pena de nove anos e dez meses de prisão pela ocultação de R$ 7,3 milhões na compra da Fazenda Encantado do Rio Verde.
O ex-deputado nega todas as acusações feitas pela Polícia Federal, de que houve desvios de recursos públicos. “Todos os empreiteiros, pode perguntar, nunca pedi nada”, garantiu.
Ele admitiu, contudo, que sempre pediu doações para campanha durante as eleições. “Estou pagando o preço do sistema político podre”, concluiu, sobre o calvário que enfrenta na Justiça e no presídio.
Ao concluir a entrevista, de forma enigmática, o ex-secretário diz que não costuma mentir. Ele só não conta todas as histórias, mas uma hora, quem sabe.
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