A Operação Atalhos, da Polícia Federal, localizou uma fortuna em notas de R$ 50 e R$ 100 ao investigar a máfia do transporte escolar em Três Lagoas. A quantidade de dinheiro estocada, R$ 2,4 milhões, só tem paralelo com os R$ 51 milhões do ex-ministro Gedel Vieira Lima, encontrados em malas e sacolas em um apartamento de Salvador (BA).
Com a participação de 90 policiais federais e agentes da CGU (Controladoria-Geral da União), a operação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão na cidade e mais quatro municípios: Campo Grande, Naviraí, Luís Antônio e Americana, os dois últimos no interior de São Paulo.
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Ao analisar três contratos do transporte escolar, que somam R$ 12 milhões, a PF encontrou sobrepreço de R$ 1,6 milhão. Treze pessoas foram intimadas para prestar depoimento na delegacia da corporação em Três Lagoas. Um do alvos é a ex-prefeita Márcia Mourão (MDB).
Durante o cumprimento de um dos mandados na casa de um dos ex-servidores, policiais encontraram R$ 2.418.404,60 dentro de malas, sacolas e pacotes. O dinheiro estava escondido no quarto. A fortuna estava dividida em maços, com notas de R$ 50 e R$ 100.
Os desvios ocorreram entre os anos de 2015 e 2017, conforme a PF. O Campo Grande News relatou que a máfia do transporte escolar conseguiu acréscimo de R$ 177 mil no contrato em 2015, ao em que houve queda no preço dos combustíveis. Na ocasião, para justificar o aumento, a empresa apresentou notas fiscais de São Paulo.
Em outro caso, a prefeitura atestou que uma das empresas envolvidas no esquema percorreu 871 quilômetros de rodovias e estradas vicinais em apenas um dia. Para cumprir este trajeto em dez horas, o veículo deveria fazer estradas de chão em mais de 90 quilômetros por hora, em média.
A PF solicitou a quebra do sigilo bancário e fiscal, mas a Justiça Federal ainda não se manifestou.
O superintendente da PF, delegado Cleo Mazzotti, ressaltou que a má aplicação do dinheiro impediu que mais crianças fossem beneficiadas pelo transporte escolar no município.