A ofensiva contra os cortes na educação ganhou apoio do Ministério Público Federal, que abriu inquérito para apurar o impacto do contingenciamento em Mato Grosso do Sul e mais 20 estados. Cerca de 6 mil estudantes, professores e servidores administrativos foram às ruas protestar contra as medidas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que podem levar à suspensão das aulas no segundo semestre nas universidades federais.
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Em Campo Grande, o protesto contou com a participação dos universitários, professores e trabalhadores da rede estadual de ensino. Eles bloquearam parcialmente a Avenida Costa e Silva em frente à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a segunda mais atingida pelos cortes no País.
De acordo com o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Jaime Teixeira, mais de 6 mil pessoas participaram do ato. A paralisação teve adesão de 80% nas escolas públicas da Capital e do interior.
Para o dirigente, o corte de R$ 5 bilhões prejudica a sociedade e vai dificultar o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação. Cerca de três mil obras de centros de educação infantil vão continuar paradas em decorrência do contingenciamento de recursos pelo Ministério da Educação.
Com expectativa de ficar sem reajuste neste ano, os administrativos da educação estadual reforçaram a paralisação e confirmaram greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. Eles querem elevar o piso da categoria dos atuais R$ 854 para R$ 998 (um salário mínimo) e a incorporação do abono.
Após a manifestação junto com os acadêmicos e servidores da UFMS, os trabalhadores fizeram ato na Secretaria Estadual de Educação, no Parque dos Poderes. Eles lavaram a calçada em alusão às denúncias de corrupção investigadas pela Polícia Federal.
Na semana passada, a PF deflagrou a Operação Nota Zero, que apura o envolvimento de servidores e empresários em esquema milionário de recursos da pasta. Um dos investigados é o diretor-geral de Infraestrutura da Secretaria de Educação, Paulo Henrique Malacrida, que tem status de secretário especial na gestão tucana.
Como acreditam que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) vai cumprir a lei, que prevê reajuste de 4,17% neste ano, os professores não devem aderir à greve. Eles reforçaram o protesto contra os cortes e à Reforma da Previdência. Bolsonaro propõe o fim da aposentadoria especial aos professores.
A mobilização ganhou apoio do MPF, que anunciou a abertura de inquéritos em 21 estados como parte do Dia D em Defesa da Educação. O objetivo é apurar os impactos dos cortes no orçamento e nos cargos nas universidades e institutos federais.
A Procuradoria dos Direitos do Cidadão enviou ofícios cobrando informações da UFMS, UFGD e Instituto Federal. Também pediu informações dos ministérios da Educação e da Economia.
Nos Estados Unidos, o presidente reagiu aos protestos. “É natural (a manifestação), agora a maioria ali é militante. Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas uteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais no Brasil”, afirmou, reforçando o discurso dos seguidores, que vem criticando as notícias e os críticos dos cortes na educação.
“Na verdade não existe corte, o que houve é um problema que a gente pegou o Brasil destruído economicamente também, com baixa nas arrecadações, afetando a previsão de quem fez o orçamento e, se não tiver contingenciamento, simplesmente entro contra a lei de responsabilidade fiscal. Então, não tem jeito, tem que contingenciar”, justificou-se Bolsonaro.
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