Os senadores de Mato Grosso do Sul se dividiram na votação na comissão especial que analisa a reforma ministerial proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Nelsinho Trad (PSD) se uniu à oposição e ao centrão para impor derrota ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e aprovar a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes.
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Já a senadora Simone Tebet (MDB) votou contra a mudança do conselho. Na manhã desta quinta-feira (9), a comissão especial formada por senadores e deputados aprovou, por 14 votos a 11, a retirada do Coaf do Ministério da Justiça.
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O resultado da votação também representa novo revés de Bolsonaro no Congresso Nacional e pode obrigá-lo a repensar a estratégia política. De acordo com o relator da proposta, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), o centrão faz parte da política brasileira. “São partidos políticos organizados. Vamos acabar com preconceitos, com críticas. Isso foi assim em todos os governos”, afirmou Coelho, que também é líder do Governo no Senado.
O Coaf foi criado em 1988 e é um órgão de inteligência financeira que investiga operações suspeitas. Por lei, bancos e corretoras são obrigados a notificar o órgão sobre transações suspeitas de lavagem de dinheiro. Após análise de cada caso, o Coaf encaminha a denúncia para ser apurada pelo Ministério Público.
Durante o Mensalão do PT, o Coaf identificou movimentações atípicas nas contas das agências da agência de publicidade de Marcos Valério e as encaminhou à CPI dos Correios.
O último escândalo identificado pelo conselho envolve Fabrício Queiroz, ex-funconário do senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente da República. O ex-motorista teria movimentado R$ 1,2 milhão, volume incompatível com o seu patrimônio.
A comissão impôs derrota também à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Representante da bancada ruralista, ela tinha conseguido assumir o comando da demarcação das terras indígenas.
Por 15 votos a 9, a comissão decidiu retirar esta atribuição da Agricultura e devolvê-la ao Ministério da Justiça. Moro também era contra a medida, porque não considerava ser atribuição da sua pasta cuidar a política indígena.
Já Tereza Cristina queria assumir a função como forma de controle e evitar dor de cabeça aos produtores rurais. Defensora da classe, ela deveria dificultar ao máximo atender as reivindicações dos índios, conforme entidades de defesa dos direitos humanos e especialistas da área.
A decisão da comissão ainda precisa ser aprovada no plenário da Câmara dos Deputados e do Senado. Para a Medida Provisória não perder efeito, ela precisa ser aprovada até 3 de junho.
A decisão de retirar o Coaf de Moro é considerada uma vitória da oposição, que temia a concentração de todos os órgãos de fiscalização nas mãos do ex-juiz federal, que ficou famoso com a Operação Lava Jato.
Por outro lado, a Força-Tarefa da Lava Jato vê que a mudança do conselho é favorável aos políticos corruptos, porque temiam a ofensiva de Moro.
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