Acuados com a política tucana, de reduzir os salários dos efetivos para garantir o reajuste de 16,38% aos integrantes do primeiro escalão, os servidores públicos estaduais vão recorrer à criatividade para enfrentar o poder do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Sindicatos prometem realizar roda de tereré, paralisação e até greve por tempo indeterminado para manter o abono de até R$ 200 e obter reajuste salarial de pelo menos a 4,78%, a reposição da inflação dos últimos 12 meses.
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O Governo do Estado tinha dinheiro até dezembro do ano passado, quando convenceu os deputados estaduais a aprovar o aumento nos salários do governador, do vice-governador, dos secretários estaduais e dos comissionados. Reinaldo ainda sancionou a lei com a criação de 3.064 cargos de confiança.
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Só que a realidade mudou na hora de discutir a data-base dos 75 mil funcionários estaduais, prevista para o próximo mês. Agora, o gasto com pessoal superou o limite prudencial previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e o Governo anunciou o PDV (Programa de Desligamento Voluntário), a volta da jornada de oito horas após 15 anos e o corte do abono de R$ 100 a R$ 200 a partir deste mês.
Caso não haja avanço na negociação intermediada pelos deputados estaduais na segunda-feira, com a volta do pagamento do adicional criado em 2016, os servidores vão realizar roda de tereré para protestar na Governadoria. O ato foi convocado para as 9h de terça-feira (30) pelo Fórum dos Servidores Estaduais.
Na sexta-feira (26), os administrativos da Educação de Campo Grande aprovaram greve por tempo indeterminado caso o governador não tenha a mesma generosidade dos mais abonados. Eles querem a incorporação do abono, o reajuste com base na inflação e a manutenção da jornada de seis horas.
“Os Administrativos das Escolas Estaduais estão bastante revoltados e indignados com o atual Governo Reinaldo Azambuja, pois nos últimos quatro anos não tivemos reajuste satisfatório e ainda quer penalizar os servidores(as), aumentando a carga horária de seis para oito horas, retirando o Abono Salarial de R$ 200 e ainda ameaça reajuste de índice zero, neste ano de 2019, além de não ter cumprido o acordo firmado em 2018. Vamos entrar em Greve por Tempo Indeterminado caso este cenário não mude!”, alertou o presidente do SINTEDE de Campo Grande-MS e secretário dos Trabalhadores Administrativos da FETEMS, Wilds Ovando.
“Se o Governo Reinaldo Azambuja não ceder, os Trabalhadores Administrativos em Educação, Saúde, Polícia Militar e todas as outras categorias se unirão e farão Greve por Tempo Indeterminado. Esse é um governo que não tem palavra, que odeia pobres e só quer benefício para ricos. Temos que estar preparados para o enfrentamento e para as ameaças desse Governo. Todos juntos na luta para manter os nossos direitos adquiridos e contra a Reforma da Previdência!”, afirmou o presidente da Fetems, Jaime Teixeira.
Na manhã deste sábado, os policiais civis realizaram assembleia e aprovaram adesão à mobilização geral contra o tucano. Além do tereré, eles aprovaram a Operação Legalidade, partir do dia 8 de maio, e até paralisação no dia 21.
Caso não consigam a manutenção do abono, o reajuste e a promoção dos policias, a categoria poderá aprovar greve por tempo indeterminado.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Giancarlo Miranda, aproximadamente 400 policiais participaram da reunião e o clima era de indignação.
A política de Reinaldo uniu todas as associações militares. “Estamos há quatro anos sem reajuste. O policial que está na rua não aguenta mais essa situação. Com esse ato, esperamos que o governador sensibilize com nossa instituição”, afirmou o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros, cabo Mario Sérgio Couto.
A categoria marcou a reação à proposta ao abandonar o encontro com o secretário estadual de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka, na quarta-feira (24).
O presidente do Sintss (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social), Ricardo Bueno, explicou que neste mês será cobrada a manutenção do abono. Os sindicatos querem a incorporação do abono.
Ele explica que o pagamento do abono representa R$ 8 milhões por mês. A incorporação elevaria o gasto para R$ 14 milhões, como vem sendo divulgado pelo porta-voz do Poder Executivo. Além da incorporação, as entidades querem a reposição da inflação.
As mobilizações ganharam força em decorrência da política do atual governador, de promover reajustes generosos com quem ganha muito e adotar medidas de austeridade com quem ganha quase nada.
Reeleito e sem preocupação com a popularidade até as eleições de outubro de 2020, Reinaldo incorporou o espírito às avessas de Robin Hood, só que para tirar dos pobres para dar aos ricos.