Na contramão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que suspendeu o pagamento do abono e pretende congelar os salários dos servidores efetivos, a Assembleia Legislativa vai pagar auxílio alimentação de R$ 200 e parcelar em duas vezes o reajuste de 3%. A proposta consta do projeto apresentado ontem (25) pela Mesa Diretora do legislativo estadual.
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A proposta foi apresentada no mesmo dia em que funcionários do Poder Executivo protestaram contra o corte do abono de R$ 100 a R$ 200, pago desde 2016, e não correção nos salários neste ano. Houve tumulto no legislativo e o presidente da Casa, deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), chegou a suspender a sessão por causa do tumulto.
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Coincidentemente, a Assembleia apresentou nesta quinta-feira o reajuste de 3% nos salários dos servidores. De acordo com o projeto de lei, os salários terão correção de 2% retroativa ao dia 1º de abril deste ano. O outro 1% será acrescido no mês de outubro deste ano.
Além disso, o presidente da Assembleia vai reajustar 61,2% o auxílio alimentação pago aos servidores com menores salários, que passará de R$ 124 para R$ 200. Além disso, o benefício será estendido a todos os demais funcionários.
Os servidores do legislativo vão ter aumento equivalente a metade da inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses, de 4,58%, conforme o IBGE. Considerando o reajuste de outubro, sem incluir o auxílio alimentação, a correção será de 3,02%.
Só que os trabalhadores da Assembleia terão vantagem maior em relação aos demais servidores públicos estaduais, que tiveram redução nos salários de abril com o corte do abono. Em 2016, o penduricalho representava acréscimo de 4,4% a 20% nos salários do funcionalismo estadual.
Como o governador ainda não bateu o martelo, já que foi criada uma comissão de deputados para intermediar um acordo, dois desfechos podem ser possíveis.
O primeiro é a manutenção do abono, o que poderá ser apresentado aos servidores como um ganho. Como parte da estratégia maquiavélica, o Governo vai pagar os salários de abril sem o benefício para o servidor sentir no bolso o peso do abono e se dar por satisfeito com o retorno no mês seguinte.
Geralmente, o legislativo sempre pratica o mesmo índice do Poder Executivo. Ou seja, Paulo Corrêa sinaliza que o Governo do Estado deverá conceder reajuste linear de 3% aos 75 mil funcionários, dividido em duas parcelas, com 2% em maio e 1% em outubro.
Os servidores do Executivo querem o cumprimento da promessa feita por Reinaldo, de que incorporaria o abono e reporia a inflação no salário deste ano.
Por enquanto, só o primeiro escalão, incluindo o governador e o vice-governador, que estão entre os políticos mais ricos do Brasil, teve reajuste de 16,38%, quatro vezes acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses.