O Governo do Estado dará o pontapé inicial para retomar a polêmica obra do Aquário do Pantanal, parada há cinco anos, no dia 8 de maio deste ano. Na ocasião, a equipe técnica deverá apresentar o custo previsto para a conclusão do empreendimento e definir a data para a abertura da licitação para contratar as empresas de engenharia e de suporte à vida.
[adrotate group=”3″]
Lançado em 2011, pelo ex-governador André Puccinelli (MDB), para ser o maior aquário de água doce do mundo, o instituto estourou o orçamento, que passou de R$ 84 milhões para R$ 230 milhões, e não foi concluído.
Veja mais:
CGU aponta nove “pecados capitais” que o TCE não viu no Aquário do Pantanal
Projeto malfeito permite desvios, promotor pede nova licitação e mela pacto para concluir Aquário
Juiz alfineta Governo e manda licitar conclusão do Aquário do Pantanal
Chefe do MPE recua e pede para TJ não homologar acordo para concluir Aquário
A Operação Lama Asfáltica, deflagrada pela Polícia Federal em julho de 2015, apontou desvios de recursos públicos, corrupção e até uso de dinheiro de propina no projeto, que virou símbolo de desperdício do dinheiro público e da corrupção.
No esforço para afastar as suspeitas de corrupção da obra, o secretário estadual de Infraestrutura e vice-governador do Estado, Murilo Zauith, promete seguir a lei. Ele vai realizar licitação e prometeu convocar a Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado para fiscalizar a execução da obra.
A mesma estratégia foi adotada por Puccinelli, que se gabava do TCE publicar relatórios na internet para dar ampla publicidade à execução do projeto. No entanto, o órgão não viu ou fechou os olhos para a substituição da Egelte Engenharia, vencedora do certame, pela Proteco, de João Amorim, preso há 11 meses na Lama Asfáltica.
Para definir o custo final do Aquário, o secretário criou uma equipe, formada por cinco arquitetos e engenheiros, para analisar cada item necessário para a conclusão. O resultado deste estudo será apresentado no dia 8 em reunião que terá a participação da empresa norte-americana responsável pelos tanques de acrílicos e pela gestora do instituto, a Cataratas do Iguaçu.
Murilo afirmou que pretende executar todas as obras previstas no projeto original do arquiteto Ruy Ohtake. Em 2017, a Agesul informou que a conclusão da obra custaria R$ 71 milhões, conforme reportagem do Correio do Estado.
Como o fundo criado por lei para concluir o Aquário do Pantanal só contava com R$ 37 milhões, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) excluiu alguns itens para reduzir o custo final. A proposta era executar as obras complementares em outra fase.
No entanto, o secretário evita antecipar o custo final do empreendimento. Só assegurou que os recursos a serem utilizados serão do fundo deixado por Puccinelli.
Zauith estima que 90% das obras estão concluídas. Na parte de engenharia, ele diz que faltam piso, forro e ar-condicionado.
Na reunião de 8 de maio, o Governo deverá anunciar como fará a licitação. A primeira opção é licitar a escolha de uma empresa para as obras de engenharia civil e outra para o suporte à vida. A outra é fazer uma licitação só e a vencedora se encarrega de concluir o Aquário do Pantanal.
Murilo está mais pragmático em relação à obra. Ele sabe que a licitação é demorada e, no cenário mais otimista, prevê a retomada em setembro ou outubro deste ano. Caso se confirme, a inauguração poderá ocorrer no segundo semestre de 2020.
O secretário negou que tenha profetizado, em janeiro deste ano, a retomada da obra em um mês. Agora, o secretário explicou que o período de 30 dias era o prazo para tomar conhecimento de todos os detalhes do projeto.
A licitação foi determinada pelo Tribunal de Justiça, que vetou a contratação direta de duas empresas por R$ 38 milhões. A Construtora Maksoud Rahe, que foi contratada para receber a maior bolada, R$ 27 milhões, foi responsável pela construção da mansão cinematográfica de Edson Giroto, preso há 11 meses. Aliás, não se tem notícia de qual aquário a empreiteira construiu antes de ser contratada por Reinaldo.
A retomada do Aquário deixou de ser questão de prioridade. Como o Governo do Estado já desembolsou mais de R$ 230 milhões, o abandono do projeto custaria muito mais caro aos cofres públicos.
Sem falar na manutenção do elefante branco no Parque das Nações Indígenas, um dos principais cartões postais da Capital.
O trade turístico torce pela retomada. O setor prevê que turistas com destino ao Pantanal parem na Capital para conferir o maior aquário de água doce do mundo e deixem em torno de R$ 44 milhões por ano, gerando empregos no setor de hotéis, bares, restaurantes e transportes.