Em gestão marcada pela instabilidade, Marquinhos Trad (PSD) cedeu a pressão do primo Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, e demitiu o 10º secretário. O médico Marcelo Brandão Vilela foi comunicado da exoneração do cargo de secretário municipal de Saúde nesta quinta-feira (28).
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Vilela sobreviveu a falta de médicos e remédios nos postos de saúde, leitos em hospitais e a nova epidemia de dengue. Nem a denúncia da “pedalada” de R$ 107 milhões no orçamento do Fundo Municipal de Saúde, feita na sexta-feira passada pela empresária Luciane Costadele, abalou o prestígio do secretário.
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No entanto, Marcelo Vilela não era bem visto por Mandetta, que já foi secretário municipal de Saúde na gestão de Nelsinho Trad (PSD), irmão de Marquinhos, e também enfrentou epidemia de dengue.
Desde que foi nomeado para chefiar o Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), ele tinha pretensões de trocar o titular da Secretaria Municipal de Saúde da Capital, conforme antecipou o Jornal de Domingo.
A pressão aumentou na semana passada quando o ministro deixou claro que não liberaria os R$ 28 milhões solicitados por Marquinhos para combater a epidemia de dengue na Capital. O ministro deu entrevista ao Correio do Estado, emitindo sinais de que não haveria liberação de novos recursos para a Capital.
Mandetta vetou até a liberação do dinheiro para o Hospital do Trauma, que foi inaugurado em 25 de março do ano passado e segue parcialmente fechado por falta de repasse do poder público. A medida agrava a saúde pública na Capital, que sofre com a falta de leitos hospitalares e deixa pacientes a beira da morte em leitos improvisados em postos de saúde.
Com a demissão de Marcelo Vilela, Marquinho troca o titular de oito das 14 pastas. Só seis continuam com os mesmos titulares empossados no dia 1º de janeiro de 2017: Antônio Lacerda (Governo), Pedro Pedrossian Neto (Planejamento e Finanças),Rudi Fiorese (Infraestrutura), Nilde Brum (Cultura), Valério Azambuja (Segurança) e Alexandre Ávalos (Procuradoria Jurídica).
O mais cotado para assumir a Sesau é o médico e ex-diretor clínico da Santa Casa, José Mauro Filho, que conta com a simpatia do ministro. O primo e ex-deputado estadual Paulo Siufi (MDB) corre por fora.
A instabilidade é tão grande que algumas pastas trocaram se secretários três vezes, como é o caso da Administração. A pasta começou com Evelyse Oidomari, passou por Maria das Graças Macedo e, por enquanto, está com Agenor Matiello.
O mesmo ocorreu na Sedesc, a pasta considerada estratégica para a atração de indústrias e geração de empregos. O empresário Luiz Fernando Buanain, dono da rede em recuperação judicial São Bento, ficou menos de dois anos no cargo. O sucessor, o engenheiro Abraão Malulei ficou menos tempo ainda, seis meses.
O troca-troca de secretários
1 -Secretaria de Gestão
Saiu – Evelyse Ferreira Oyadomari
Entrou e já saiu – Maria das Graças Macedo
Entrou – Agenor Matiello
2 – Secretaria de Assistência Social
Saiu – Angélica Fontanari
Entrou – José Mario Antunes da Silva
3 – Instituto de Previdência de Campo Grande
Saiu – Lauro Davi
Entrou – Camila Nascimento de Oliveira
4 – Secretaria de Educação
Saiu – Ilza Mateus de Souza
Entrou – Elza Fernandes Ortelhado
5 – Secretaria de Meio Ambiente e Gestão urbana
Saiu – José Marcos da Fonseca
Entrou –Luís Eduardo Costa
6 – Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Saiu – Luiz Fernando Buanain
Entrou e saiu – Abraão Malulei
Entrou – Herbert Asssunção
7 – Secretaria de Controladoria Geral
Saiu – Evandro Ferreira de Viana Bandeira
Entrou – Luiz Afonso de Freitas Gonçalves
8 – Secretaria de Saúde
Saiu – Marcelo Brandão Vilela
Entra – José Mauro Filho (provável)
O atual secretário de Desenvolvimento, Herbert Assunção, assumiu neste mês como sinalização do prefeito de que poderá contar com o apoio do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira a sua reeleição. O magistrado cogita sair do PDT e pode ingressar no partido de Marquinhos, o PSD.
Vilela é o 10º secretário a ser demitido na atual gestão, marcada pela instabilidade política.