Dois ex-presidentes do Tribunal de Contas do Estado reforçaram a defesa do tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, 44 anos, condenado a 10 anos na Operação Oiketicus, que denunciou o envolvimento de policiais militares com a Máfia do Cigarro. Na terceira ação, o oficial é acusado de corrupção passiva e ter recebido R$ 200 mil em propinas no período em que atuou na corte fiscal.
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Nesta segunda-feira (18), o juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, marcou o interrogatório do réu para encerrar a fase de instrução e julgamento. Cristaldo será ouvido a partir das 15h30 do próximo dia 28 deste mês.
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No mesmo dia será ouvida a última testemunha de defesa, o conselheiro aposentado do TCE, Cícero de Souza. Ele presidiu o órgão por quatro mandatos consecutivos, de 2007 até 2014, quando se aposentou.
O conselheiro Waldir Neves, que o sucedeu e presidiu a corte fiscal de 2015 a 2018, tem a prerrogativa de foro privilegiado e prestou depoimento por escrito. Conforme depoimento anexado aos autos no dia 14 deste mês, ele contou que conhece Cristaldo desde quando frequentou o curso de Direito na Uniderp em 1993.
Neves admitiu que é amigo do tenente-coronel, que foi ajudante de ordem do TCE de 2009 até 2015. Conforme o conselheiro, o militar gozava de excelente relacionamento com os conselheiros e servidores do TCE.
Este é o terceiro julgamento de Admilson Cristaldo desde que foi preso em 16 de maio do no passado. Ele já foi condenado a três anos de prisão por obstrução de investigação de organização criminosa ao não fornecer a senha do aplicativo de mensagem Telegram.
Em outra ação, o militar foi condenado a sete anos, um mês e 10 dias em regime fechado por corrupção e continuidade delitiva. Neste caso que o Conselho de Sentença o absolveu da denúncia de integrar organização criminosa.
Agora, ele pode ser condenado por corrupção passiva. Conforme a denúncia assinada por cinco promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado), Cristaldo movimentou, no período em que atuou no TCE, R$ 198 mil incompatível com a sua renda, o que, na opinião do Ministério Público Estadual, era proveniente de corrupção.
Na denúncia, os cinco promotores descrevem a vida de ostentação do militar, como a compra de uma garrafa de wisky de R$ 1,7 mil, bicicleta de R$ 11 mil, banheira de R$ 28 mil e pasta Mont Blanc para documentos de R$ 4,1 mil.
Devido aos descontos, empréstimos consignados e pagamento de pensão, o policial teve renda líquida de R$ 161 mil em 2015. Contudo, ele conseguiu comprar um Jeep Grand Cherokee de R$ 215 mil (com R$ 57 mil pago em espécie), motocicleta Harley Davdson 2011 de R$ 35 mil, a banheira e gastar R$ 25,7 mil em roupas na Prada Brasil.
Na loja de luxo, conforme a denúncia, Cristaldo pagou R$ 10,9 mil em um vestido, R$ 3,4 mil em par de sapatos, R$ 9,3 mil em uma bolsa e R$ 2.050 em uma camisa. O cinto custou R$ 1.115 na Talent Comércio de Canetas.
O juiz Alexandre Antunes da Silva tem sido ágil na condução dos julgamentos. Antes da Operação Oiketicus completar um ano, ele já terá concluído o julgamento de todas as denúncias, um feito raro e que merece aplaudo na Justiça estadual.