O Sesi (Serviço Social da Indústria) de Mato Grosso do Sul gastou R$ 12,380 milhões em apenas um projeto, conforme despacho do juiz César Arthur Cavalcante de Carvalho, da 4ª Vara Federal de Recife. O envolvimento da entidade no suposto esquema criminoso, que envolve R$ 400 milhões em 17 anos, levou à quebra do sigilo e bloqueio dos bens do presidente da Fiems (Federação das Indústrias), Sérgio Marcolino Longen.
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O Tribunal de Contas da União e a CGU (Controladoria-Geral da União) encontraram indícios de direcionamento da licitação, pagamentos por meio de empresas fantasmas, superfaturamento, lavagem de dinheiro e peculato.
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No despacho de 73 páginas, o magistrado descreve os esquemas envolvendo empresas de fachada e organizações da sociedade civil de interesse público, as Oscips. O gasto feito por alguns departamentos do Sesi, inclusive de MS, chamou a atenção por ser muito superior ao feito por locais onde o parque industrial é maior.
Com o projeto “Na Ponta da Língua”, sobre vídeos de animação, o Sesi MS desembolsou R$ 12,380 milhões, o dobro do desembolsado pela Paraíba (R$ 6,250 milhões) e quatro vezes o gasto pela unidade de Minas Gerais (R$ 3,480 milhões).
Apesar da empresa contratada ser uma OSCIP, a maior parte dos pagamentos foi feita para a Aliança Comunicação e Cultura, de Pernambuco (PE).
Conforme a PF, além do direcionamento para contratar o Instituto Origami, houve superfaturamento e ausência de comprovação da exibição dos vídeos nos termos pactuados.
“O que seria mais grave ainda, no restrito período da quebra de sigilo bancário já decretado por este juízo, relativamente aos investigados, foi possível identificação que a movimentação financeira registrada pelas empresas sob suspeita advém justa e primordialmente dos departamentos do Sesi, com destaque para as regionais de PE, PB, MS e MG”, observa Cavalcante.
Em decorrência dos indícios dos crimes apurados na Operação Fantoche, a Justiça decretou a quebra dos sigilos bancários, fiscal, telefônico e de dados de 36 pessoas e empresas, inclusive de Sérgio Longen, presidente da Fiems.
Ele ainda teve o bloqueio dos bens, veículos e contas bancárias.
A PF cumpriu 47 mandados de busca e apreensão na terça-feira, sendo dois em Mato Grosso do Sul. O primeiro foi na Fiems, local de trabalho do dirigente, e o outro foi no antigo apartamento do empresário. Ele destacou que não reside no local há mais de dois anos.
Em nota e em entrevista coletiva, Sérgio Longen ressaltou que os seis projetos investigados no Estado foram licitados.